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    Rio de Janeiro

    Justiça do Rio abriu inquérito contra ativistas após depoimento voluntário

    CRISTINA GRILLO
    DIANA BRITO
    FABIO BRISOLLA
    DO RIO

    24/07/2014 02h00

    O depoimento de uma testemunha que, segundo o inquérito policial, se apresentou por vontade própria à Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) fundamentou a denúncia contra 23 ativistas acusados de associação para a prática de vários crimes em protestos no Rio.

    Cinco deles estavam presos e 18 eram considerados foragidos, mas nesta quarta (23) a Justiça concedeu habeas corpus para todos.

    No depoimento, em 13 de junho, a testemunha detalhou a organização dos atos, elencando cerca de 50 pessoas e fornecendo telefones de muitas delas. Dezenove dos 23 denunciados estão entre eles.

    Simone Marinho/Agência O Globo
    A ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, detida na véspera da final da Copa
    A ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, detida na véspera da final da Copa

    Alguns dos telefones já estavam grampeados, sob aval da Justiça, e outros entraram, então, no radar policial.

    A Folha teve acesso a parte do inquérito, mas não publica o nome da testemunha, um homem, a seu pedido. Ele não foi o único a dar informações à polícia, mas sua fala foi a que mais forneceu elementos à denúncia aceita pela Justiça.

    Ele contou que uma comissão formada por Elisa de Quadros Pinto Sanzi, a Sininho, Camila Rodrigues Jourdan, professora de filosofia, e Igor Mendes da Silva, do MEPR (Movimento Estudantil Popular Revolucionário), respondia por "ações de ataques variados, como queimar ônibus e outras ações com objetivo de causar terror e pânico".

    Os três, disse, "incitavam os manifestantes a praticar atos de vandalismo". Ex-namorado de Sininho, Luiz Carlos Rendeiro Junior, o Game Over, é descrito como "capacho". "Inclusive praticava violência por ordens dela."

    A testemunha procurou a delegacia dois dias após dez manifestantes serem levados para depor, Sininho entre eles.

    Ativistas ouvidos pela Folha dizem que a testemunha se aproximou dos líderes do grupo após o ato de 17 de junho de 2013, que teve tentativa de invasão da Assembleia.

    Afastou-se depois. A Folha apurou que ele teria começado a ser hostilizado após brigar com a então namorada, ativista ligada aos líderes.

    O homem descreve com detalhes os grupos que, segundo ele, se uniram sob a sigla FIP (Frente Independente Popular) para agir nos protestos. Diz que as organizações mais influentes são o MEPR e a OATL (Organização Anarquista Terra e Liberdade).

    Editoria de Arte/Folhapress

    A OATL teria sido fundada por Filipe Proença, o "Ratão", um dos denunciados e integrante do Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação), investigado sob suspeita de financiar atos.

    Seus "mentores" seriam Proença e Camila Jourdan. Os integrantes, na maioria, professores da rede pública. O grupo incentivava depredações, enfrentamento, pichações e resistência, afirmou.

    A OATL faria a ligação com os "black blocs", que, segundo a testemunha, "são jovens pouco interessados em questões político-ideológicas que cercam o cotidiano das manifestações. Porém, como se identificam como anarquistas, permitem serem guiados".

    O advogado Marino D'Icarahy, que representa 12 ativistas, negou que o grupo seja uma quadrilha armada. Com os habeas corpus, disse, "vamos desmontar a farsa que se formou em torno desse caso".

    Lucas Sada, do DDH (Instituto de Defensores de Direitos Humanos), ONG que representa cinco ativistas, afirmou que "não existe nenhum registro relevante" que aponte a associação criminosa.

    Colaboraram LUCAS VETTORAZZO e MARCO ANTONIO MARTINS

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