Um aeroporto cuja pista de pouso foi pavimentada pelo governo de Minas Gerais em 2007, quando o tucano Aécio Neves era o governador, até hoje existe sem registro na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o que impede que seja usado pelo público.

O aeródromo fica em Montezuma, uma cidade no norte do Estado em que a família do senador possui propriedades rurais. O município de 7.500 habitantes fica quase na divisa com a Bahia, a 750 km de Belo Horizonte. O senador é sócio da Perfil Agropecuária, dona das terras.

A pavimentação da pista ter custou R$ 309 mil, segundo o governo, mas o aeroporto não foi homologado como privado nem como público, apesar do investimento realizado com essa finalidade.

"Não há, junto à Anac, aeródromo cadastrado ou homologado em Montezuma. Também não há aeródromo no município em processo de homologação/cadastro junto à agência", informou a Anac.

O governo do Estado diz ter investido na pavimentação da pista de pouso, que existia desde 1981, para promover o turismo na cidade.

"Montezuma está situada em uma das regiões mais pobres do Estado e tem como principal eixo estratégico de desenvolvimento a atividade turística, a partir do balneário de água quente", afirmou.

As terras da Perfil Agropecuária, empresa que foi do pai de Aécio, o ex-deputado Aécio Cunha (1927-2010), foram registradas em 2001, após ação de usucapião. O governo de Minas recorreu da decisão da Justiça, mas perdeu em todas as instâncias.

"Apesar de a ação ter começado antes de sua gestão, durante o mandato de Aécio Neves, em demonstração clara de que o governo agiu em defesa do interesse público, o Estado recorreu de todas as decisões da Justiça", informou a assessoria do tucano.

Com a morte do pai, Aécio virou sócio da Perfil. A Folha não conseguiu contato com representantes da prefeitura de Montezuma para explicar a situação do aeroporto.