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    Cancelado no regime militar, jornal judaico volta a circular

    DE SÃO PAULO

    28/07/2014 02h00

    O jornal judaico "Nossa Voz", que deixou de circular com o início do regime militar por seu alinhamento político à esquerda, voltou a ser publicado neste ano de forma bimestral. A segunda edição do periódico estará disponível na próxima semana.

    Há mudanças tanto de forma como de conteúdo. A primeira edição do "Nossa Voz", datada de 3 de abril de 1947, traz sete páginas em iídiche –idioma proveniente do alemão e falado por grande parcela dos judeus de então– e uma única em português, sem contabilizar os anúncios.

    Agora, a publicação terá textos em português, hebraico, coreano e espanhol, para contemplar as ondas de imigrantes que chegaram ao Bom Retiro desde os anos 1960. A primeira edição da nova fase teve quatro páginas, e a segunda terá 12.

    Reprodução
    Primeira edição da volta do jornal judaico 'Nossa Voz', que deixou de circular com o início do regime militar
    Primeira edição da volta do jornal judaico 'Nossa Voz', que deixou de circular com o início do regime militar

    "A ideia é abusar da memória, mas também adaptá-la à atualidade", diz Benjamin Seroussi, um dos curadores do projeto, na Casa do Povo –que, ao lado de outras instituições, também foi responsável pela versão original do "Unzer Stime", como era chamado o jornal em iídiche.

    Após ficar entre os cinco contemplados com bolsas do Proac (Programa de Ação Cultural), do governo estadual, o projeto recebeu R$ 70 mil. A quantia é suficiente, de acordo com Seroussi, para garantir as quatro primeiras edições da publicação. As próximas estão programadas para setembro e novembro.

    Por enquanto, os responsáveis pelo jornal analisam alternativas que possam garantir que ele continue a existir quando o investimento inicial acabar. Entre as opções há venda de anúncios –como ocorria no "Nossa Voz" original– e assinaturas.

    Com tiragem de 2.000 exemplares, o jornal é gratuito e distribuído em bancas do Bom Retiro, na Casa do Povo, na Pinacoteca do Estado, na Oficina Cultural Oswald de Andrade e no Arquivo Municipal, entre outros locais.

    É possível acessar o acervo do periódico entre os anos de 1947 e 62 no site da Biblioteca Nacional (memoria.bn.br).

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