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    Santander envia carta a correntistas desculpando-se por críticas ao governo

    DE SÃO PAULO

    31/07/2014 15h02

    Após sofrer críticas por uma carta em que relacionava o desempenho de Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas eleitorais à alta das ações de empresas estatais, o banco Santander enviou na terça-feira (29) nova correspondência aos correntistas desculpando-se e afirmando que suas análises são feitas "sem qualquer viés político ou partidário".

    Assinada pelo vice-presidente executivo sênior do varejo, Conrado Engel, a mensagem repete os argumentos que o banco havia divulgado, anteriormente, à imprensa. "Esclarecemos que, de forma alguma, a nota reflete uma posição do banco com relação ao cenário político, e pedimos desculpa se seu teor dá margem a interpretações nesse sentido."

    No mesmo dia em que o Santander enviou a segunda carta a seus correntistas "select" –com rendimentos acima de R$ 10 mil mensais–, o presidente do banco, Emilio Botín, afirmou que o analista responsável pelo texto polêmico fora demitido.

    Em entrevista coletiva nesta quinta (31), o executivo-chefe do Santander no Brasil, Jesús Zabalza, disse que "ninguém foi demitido por analisar ou por ter opiniões políticas ou econômicos".

    "As medidas adotadas se dão exclusivamente ao descumprimento de nossa política de comunicação", completou Zabalza. Ele definiu o texto enviado aos clientes, ainda, como "posição pessoal" do analista demitido.

    REAÇÃO

    Questionada sobre o assunto em sabatina realizada na segunda-feira (28) pela Folha, pelo portal UOL (ambos do Grupo Folha), pelo SBT e pela rádio Jovem Pan, a candidata do PT à reeleição classificou de "lamentável" e "inadmissível" a recomendação do Santander a seus correntistas.

    "Eu acho que é inadmissível aceitar qualquer nível de interferência de qualquer integrante do sistema financeiro de forma institucional na atividade eleitoral e política", afirmou.

    "A pessoa que escreveu a mensagem [do Santander] fez isso sim e isso é lamentável. Isso é inadmissível pra qualquer, eu diria qualquer, candidato. Seja eu ou qualquer outro", relatou ela, acrescentando que tomará uma "atitude bastante clara em relação ao banco".

    Também na segunda, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o analista responsável pelo texto "não entende porra nenhuma de Brasil".

    A fala ocorreu em discurso na 14º plenária da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Lula ressaltou que não há outro país em que o Santander lucre tanto como no Brasil e questionou ainda o fato de a funcionária que escreveu o informe ter chegado a um cargo de chefia.

    "Essa moça que falou [isso] não entende porra nenhuma de Brasil e de governo Dilma Rousseff. Manter uma mulher dessas em cargo de chefia é sinceramente... Pode mandar embora e dar o bônus dela pra mim, que eu sei como é que eu falo", criticou.

    Leia a íntegra da carta abaixo.

    *

    Prezado cliente,

    O seu extrato mensal do mês de julho trouxe, na coluna "Você e Seu Dinheiro", um texto contendo comentários sobre a evolução da economia no contexto de pesquisas eleitorais. Esclarecemos que, de forma alguma, a nota reflete uma posição do banco com relação ao cenário político, e pedimos desculpa se seu teor dá margem a interpretações nesse sentido.

    O Santander adota critérios exclusivamente técnicos em todas as análises econômicas, que ficam restritas à discussão de variáveis que possam afetar os investimentos dos correntistas, sem qualquer viés político ou partidário. Foram tomadas providências para assegurar que nenhum futuro comunicado dê margem a interpretações diversas dessa orientação.

    Mais uma vez, lamentamos profundamente qualquer mal-entendido que possa ter sido provocado pelo referido texto. Permanecemos à sua disposição para qualquer esclarecimento adicional.
    Atenciosamente,

    Conrado Engel
    Vice-Presidente Executivo Sênior do Varejo

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