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    PT e PSDB terão menos líderes evangélicos em suas campanhas

    RICARDO MENDONÇA
    DE SÃO PAULO
    PEDRO SOARES
    DO RIO

    02/08/2014 02h00

    Personagens com participação controversa na eleição de 2010, pastores evangélicos deverão desempenhar um papel mais discreto no primeiro turno da disputa deste ano.

    Isso porque a presença de lideranças religiosas nas campanhas mais competitivas deverá ser menor agora.

    Do lado petista, muitos dos que apoiaram a presidente Dilma Rousseff quatro anos atrás não estão mais com ela.

    É o caso do bispo Manuel Ferreira, líder do ramo Madureira da Assembleia de Deus, e do senador Magno Malta (ES), embora seu partido, o PR, esteja coligado com o PT.

    Hoje, os dois pedem voto para o Pastor Everaldo (PSC), outro membro do ramo Madureira, ele próprio também apoiador de Dilma em 2010.

    Tido como um dos mentores da candidatura Everaldo (3% no Datafolha), Ferreira diz que as igrejas se afastaram de Dilma "por uma questão de princípios". Faltou a ela a defesa de pilares firmados com o PT, como "a defesa da vida" (referindo-se ao aborto) e "o respeito à família tradicional" (em oposição à ampliação de direitos de homossexuais), afirma.

    Líder da Sara Nossa Terra e também pró-Dilma em 2010, o bispo e ex-deputado Robson Rodovalho está indeciso.

    Assim, entre as evangélicas com muitos seguidores, a Igreja Universal poderá ficar como a única apoiadora de Dilma neste ano. Na quinta (31), ao lado do bispo e empresário Edir Macedo, ela prestigiou a inauguração de um enorme templo da denominação em São Paulo.

    Segundo o senador e candidato a governador do Rio, Marcelo Crivella (PRB), sobrinho de Macedo, tanto na Universal como no partido há "muitos comentários [contrários] voltados ao PT e à militância do PT, mas não à pessoa da presidente". Para ele, Dilma manteve o compromisso de não tomar iniciativa em questões como união entre pessoas do mesmo sexo, aborto e liberação de drogas.

    ESVAZIAMENTO

    Do lado tucano, a situação é parecida. Nem todos os apoiadores de Serra em 2010 estarão com Aécio Neves neste ano. Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial, não deu sinais de que irá se envolver na eleição presidencial. Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, também fechou com Everaldo.

    "Vamos marcar posição. Se os evangélicos são 25% [da população], Everaldo pode chegar a 8% ou 10% e ser um cara fundamental para decidir o segundo turno", diz.

    Outros dois influentes apoiadores do PSDB em 2010 ainda não definiram posição. Um deles é Renê Terra Nova, com forte atuação na região Norte. O outro é José Wellington Bezerra, da Assembleia de Deus Belém, o maior grupo dentro da denominação.

    Bezerra é antigo apoiador dos tucanos paulistas. Neste ano, porém, um de seus filhos tenta a reeleição de deputado pelo PR, coligado ao PT.

    Cientistas políticos concordam que os evangélicos poderão ficar menos visíveis no primeiro turno. Mas não necessariamente mais fracos.

    "Com candidato próprio, a tendência é de fortalecimento político", diz Vitor Marchetti, da Universidade Federal do ABC. "Num segundo turno acirrado, terão enorme poder de barganha."

    Para Ricardo Ismael, da PUC-Rio, o ambiente favorece Everaldo: "No mundo de hoje, em que muitos desconfiam dos políticos, ele tem um diferencial. Repare que ele adotou 'pastor' no nome e já está à frente de candidaturas ideológicas, como a do PSOL. Ninguém baterá nele, então poderá crescer".

    Editoria de Arte/Folhapress
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