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    Para tentar coibir caixa dois, PF mira a ação de doleiros

    FERNANDA ODILLA
    DE BRASÍLIA

    10/08/2014 02h00

    Sem autonomia para abrir por conta própria investigações contra parlamentares e outras autoridades suspeitas de crimes eleitorais, a Polícia Federal decidiu intensificar suas ações contra operadores de esquemas de desvio de verbas públicas, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

    Ao mirar em doleiros, donos de factorings (que compram, com desconto, cheques e promissórias) e controladores de empresas de fachada, a PF avalia ser possível atingir, ainda que de raspão, crimes como financiamento irregular e caixa dois de campanha.

    O novo foco é visível no balanço de operações da PF nos últimos três anos. Em 2012, as áreas com mais ações foram repressão ao tráfico de drogas, crimes fazendários, desvio de recursos públicos e crimes ambientais –nesta ordem.

    Em 2013, as ações contra desvio de dinheiro público pularam para o primeiro lugar do ranking da PF. Foram 56 operações nessa área, contra 46 em 2012. O número de funcionários públicos presos também aumentou, passando de 83 para 111 no período.

    Neste ano, por causa da Copa, o número de operações deve ser menor que as 301 registradas em 2013. Das 158 mega-ações da PF até julho de 2014, a maioria foi contra tráfico de drogas: 34. Casos de lavagem e desvios somam 29 operações.

    No primeiro semestre foram deflagradas ao menos cinco megaoperações contra lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos que desestruturaram organizações suspeitas de operar para políticos. A mais notória e explosiva delas é a Lava Jato, que começou investigando a ação articulada de doleiros de Paraná, Brasília, São Paulo e Rio.

    A operação se desdobrou em mais de uma dezena de outros inquéritos –que apuram, entre outros crimes, a suspeita de desvio de recursos e de contratos fraudulentos da Petrobras e do Ministério da Saúde, além da relação dos doleiros com um deputado federal e um senador.

    A PF não descarta que alguns dos investigados estejam envolvidos também com doação de campanha, por conta do conteúdo do material apreendido numa das buscas: uma lista com nomes de empresas e referências a candidatos. Algumas dessas empresas já aparecem como doadoras no pleito deste ano.

    Em Mato Grosso, a apuração de suspeita de lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos abastecido por construtoras chegou ao governador do Estado, a um senador e a promotores e procuradores, entre outras autoridades, depois que uma planilha com cartas de crédito foi apreendida.

    Em Pernambuco, os alvos da Operação Grande Truque foram doleiros que atuavam também em Minas Gerais e no Rio Grande do Norte. Policiais federais ouvidos pela Folha acreditam que as megaoperações dos últimos meses interferiram na contabilidade de campanha de muitos candidatos pelo país afora –seja por ter intimidado quem apostava em financiamento irregular seja por ter desarticulado esquemas montados para a eleição deste ano.

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