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    Firma de doleiro foi subcontratada em obras de navios da Petrobras

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    12/08/2014 02h00

    Um consórcio que trabalha para a Petrobras na construção de seis navios, ao valor de cerca de R$ 400 milhões, subcontratou uma empreiteira que é do doleiro Alberto Youssef e tem como sócio informal o deputado federal Luiz Argôlo (SD-BA).

    A Malga Engenharia foi subcontratada há dois anos pelo consórcio MGT para fornecer máquinas, como rolo compressor, para um estaleiro em construção no porto de Itajaí, em Santa Catarina.

    A informação de que o doleiro e o deputado são sócios na Malga foi dada pela contadora Meire Poza, que trabalhou para o doleiro por três anos e resolveu colaborar com a Operação Lava Jato.

    Ela contou que Youssef intermediava o pagamento de propina para políticos, feito por empreiteiras que faziam obras para a Petrobras, como a OAS e a Mendes Junior. A Folha revelou nesta segunda (11) as informações da contadora sobre a suposta sociedade entre o doleiro e o parlamentar na empreiteira.

    Reprodução
    Estaleiro em construção no porto de Itajaí (SC), para o qual a Malga fornece máquinas
    Estaleiro em construção no porto de Itajaí (SC), para o qual a Malga fornece máquinas

    A Malga recebeu R$ 171 mil em 2013 do consórcio formado pelas empresas DM Construtora e TKK Engenharia. As duas empresas foram contratadas em agosto de 2012 para produzir navios que serão usados na exploração do pré-sal na baía de Santos.

    Não é a primeira vez que a Malga é subcontratada. A empreiteira fez o trabalho da Delta Engenharia na duplicação de um trecho da rodovia no Paraná, a BR 163, num contrato de R$ 115 milhões. A Delta envolveu-se em tantas irregularidades foi acabou proibida de ser contratada pelo poder público.

    Apesar de a Malga ter sido apontada pela contadora como uma empresa que tem existência real, os policiais da Operação Lava Jato não têm certeza de que isso seja verdade nem que o serviço em Itajaí tenha sido prestado. A empreiteira é tratada por eles como "empresa fictícia, com propósito apenas de operacionalizar práticas criminosas como lavagem de dinheiro e desvio de recursos".

    Segundo relatório da PF, "a sede da empresa é um sobrado residencial, numa rua onde ninguém nunca ouviu falar da firma". Uma das hipóteses é que a empresa, mesmo sem sede, pode ter existência real, mas a subcontratação em Itajaí teria sido forjada para dar uma aparência legal ao repasse de suborno.

    OUTRO LADO

    A Petrobras não respondeu até a conclusão desta edição se tinha comprovação de que o serviço para o qual a Malga fora contratada foi prestado. A Folha procurou os advogados da TKK Engenharia, mas não obteve resposta.

    O advogado de Argôlo, Aluisio Regis, nega que o parlamentar seja sócio do doleiro, mas não quis antecipar a linha de defesa que apresentará na Conselho de Ética que julgará o deputado.

    Segundo Regis, "o que a contadora diz não é mentira, mas ela está descontextualizando as coisas". Para ele, o importante é que a Malga existe e Argôlo nunca procurou órgão público para conseguir contrato.

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