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    Contadora de Youssef depõe no Conselho de Ética nesta quarta

    GABRIELA GUERREIRO
    DE BRASÍLIA

    12/08/2014 12h45

    A contadora Meire Poza, que trabalhou para o doleiro Alberto Youssef, vai prestar depoimento nesta quarta-feira (13) ao Conselho de Ética da Câmara. A contadora revelou à Polícia Federal que o deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA) é sócio informal do doleiro na empreiteira Malga Engenharia.

    Argôlo é investigado pelo conselho por quebra de decoro parlamentar pelo seu envolvimento com Youssef. Segundo a Polícia Federal, ele era o parlamentar mais próximo do doleiro, com quem trocou 1.411 mensagens em seis meses, entre setembro do ano passado e março deste ano –uma média de quase oito por dia. A Malga e pagamentos são assuntos frequentes nessa troca de mensagens.

    O depoimento de Poza está marcado para às 10 horas. A contadora foi arrolada como testemunha pelo relator do processo contra Argôlo, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), e confirmou presença no depoimento. Meire Poza é apontada pela PF como a principal testemunha da Operação Lava Jato ao relatar como funcionava o esquema de pagamento de propina intermediado pelo doleiro, que tinha numa das pontas empreiteiras e na outra empresas públicas como a Petrobras.

    Gustavo Lima -16.mai.2014/Agência Senado
    O deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA), durante pronunciamento na Câmara, EM 2013
    O deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA), durante pronunciamento na Câmara, em 2013

    À revista "Veja", Meire Poza disse que o doleiro tinha negócios com Argôlo e fez operações para os deputados federais André Vargas (sem partido-PR) e Candido Vaccarezza (PT-SP) –o que eles negam.

    Antes de se mudar para o Solidariedade, no final do ano passado, Argôlo era do PP, partido que patrocinou as primeiras incursões de Youssef na clientela política. Youssef chegou a entregar dinheiro no apartamento que a Câmara dos Deputados cede a Argôlo, de acordo com a PF. O deputado, por sua vez, usou recursos da Câmara para pagar passagem e hotel para encontros com o doleiro.

    A Malga é uma das três empresas de Youssef que não eram de fachada (as outras são a Web Hotéis e a rede de agência de viagens Marsans), ainda segundo documentos apreendidos pela PF.

    O chefe de gabinete de Argôlo na Câmara dos Deputados, Vanilton Bezerra, recebeu R$ 120 mil do doleiro em sua conta pessoal, segundo outra mensagem interceptada pela PF. Ele nega.

    As evidências de que Argôlo e Youssef tinham uma sociedade também são mencionadas pelo juiz federal Sergio Moro, de Curitiba, ao enviar ao Supremo Tribunal Federal indícios de que o parlamentar pode ter cometido crime nas relações que manteve com o doleiro.

    Segundo o juiz relata, "há, aparentemente, registro de negócios comuns, envolvendo construtoras e licitações" entre Argôlo e Youssef que deveriam ser alvo de uma apuração específica.

    DEPOIMENTO

    Além do depoimento de Poza, o conselho ouve nesta quarta Douglas Alberto Bento, testemunha de defesa de Argôlo.

    Na semana passada, o conselho ouviu o chefe de gabinete do deputado, Vanilton Bezerra. Em um rápido depoimento, ele negou a denúncia de que teria recebido em sua conta bancária pessoal R$ 120 mil depositados por Youssef.

    Bezerra aceitou entregar ao Conselho de Ética todos os seus extratos bancários da época em que o depósito teria sido feito. O chefe de gabinete foi a primeira testemunha ouvida no processo contra Argôlo.

    No início de julho, o relator do processo no Conselho de Ética tentou ouvir algumas testemunhas, convidadas por ele próprio, mas ninguém compareceu às audiências.

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