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    Em áudio, piloto não reportou falha em avião

    DE SÃO PAULO
    DE BRASÍLIA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CURITIBA

    13/08/2014 22h20

    Antes do acidente na cidade de Santos que matou o candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB) e mais seis pessoas, o piloto do jato Citation disse em voz calma à Base Aérea de Santos que faria uma nova tentativa de aterrissagem na pista local.

    A gravação, que registra conversa ocorrida por volta das 10h, foi divulgada na noite de quarta-feira (13) pelo site Radar Box Brasil, que monitora conversas entre aeronaves e tráfego aéreo.

    Ouça

    No trecho, o condutor do avião não se queixa de problemas no avião. Não está claro, porém, se esse foi o último contato com a base; como não há uma torre de controle no local, a comunicação se dá por rádio.

    Segundo a Aeronáutica, a aeronave abortou o pouso (arremeteu) em razão do mau tempo. Ao fazer a volta para tentar novo pouso, caiu.

    O tempo estava ruim no momento do acidente; havia chuva, vento e visibilidade baixa no aeroporto. Mas, segundo os registros meteorológicos da Aeronáutica, as condições permitiam o pouso de um avião como o Citation.

    A aterrissagem exigia 1.600 metros de visibilidade (horizontal) e 213 metros de teto (vertical). Na hora do acidente, tanto a visibilidade (3.000 m) quanto o teto (243 m) na base aérea estavam acima dos mínimos exigidos.

    A arremetida é um procedimento de segurança quando o piloto vê diante de si alguma condição que ponha em risco a aterrissagem –o mau tempo, velocidade ou altitudes acima das preconizadas, por exemplo.

    CAIXA-PRETA

    A Aeronáutica irá a partir de agora investigar o acidente. O órgão está com a caixa-pretas que registra o que a tripulação conversou antes do acidente.

    Será possível descobrir, por exemplo, se o piloto fez algum aviso de problema técnico aos órgãos de controle de tráfego ou à base aérea.

    A Aeronáutica irá apurar se houve falha mecânica ou erro dos pilotos –ou os dois fatores associados.

    Um acidente ocorre por um somatório de fatores e a investigação resulta em relatório que propõe medidas para evitar outro desastre.

    O avião, para dez passageiros e de 2010, estava em dia com o certificado que lhe permite voar e com a inspeção anual de manutenção, diz a Anac. Em 16 de junho, em Londrina, uma falha havia impedido o avião de decolar.

    Piloto e copiloto tinham licenças válidas.

    Veja vídeo

    Assista ao vídeo em tablets e celulares

    Especialistas em aviação dizem que o mau tempo pode ter levado o piloto a se desorientar entre as nuvens e perder altitude, embora os equipamentos a bordo lhe permitissem ter esse dado.

    Pedestres viram o avião pegar fogo antes de cair; as duas turbinas foram recolhidas, de modo a apurar se falharam.

    A identificação das vítimas será por DNA, pela Polícia Científica de São Paulo e pela Polícia Federal. Em razão do forte impacto, os corpos sofreram mutilações que impedem o reconhecimento visual.

    Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o Instituto Médico Legal de São Paulo começou na noite desta quarta a trabalhar na identificação dos corpos das sete vítimas do acidente. Partes dos restos mortais chegou às 20h ao IML Central. O trabalho será coordenado por uma equipe de 30 legistas, além de quatro peritos da Polícia Federal. A SSP informou ainda que os exames de DNA serão realizados por dez peritos criminais especialistas em genética forense.

    ACIDENTE

    O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, morreu na manhã desta quarta-feira (13) quando o avião em que voava com assessores caiu sobre um prédio em Santos (SP).

    Campos tinha 49 anos e estava em terceiro lugar na corrida presidencial. Tinha 8% das intenções de voto, de acordo com o Datafolha. Ex-governador de Pernambuco e ex-ministro de Ciência e Tecnologia do governo Lula, era considerado um dos políticos mais promissores de sua geração.

    A ex-senadora Marina Silva (PSB), candidata a vice-presidente, é a cotada para assumir seu lugar na cabeça da chapa. O partido terá dez dias para decidir e anunciar a substituição.

    A presidente Dilma Rousseff, que disputa a reeleição pelo PT, e o candidato do PSDB, Aécio Neves, cancelaram suas agendas ao receber a notícia.

    As causas do acidente ainda não foram confirmadas pela Aeronáutica. O avião Cessna 560 XL, prefixo PR-AFA, voava do aeroporto Santos Dumont, no Rio, para a base aérea do Guarujá (SP). Campos teria três compromissos de campanha em Santos.

    Além do presidenciável, estavam a bordo quatro assessores: Alexandre Severo (fotógrafo oficial da campanha), Marcelo Lira (cinegrafista), Pedro Valadares (ex-deputado e assessor do candidato) e Carlos Percol (assessor de imprensa). Também morreram o piloto e o copiloto da aeronave.

    O avião caiu sobre um prédio na rua Vahia de Abreu, no bairro do Boqueirão, região central de Santos. Ao menos cinco pessoas que não estavam a bordo ficaram feridas e foram encaminhadas para um hospital da região.

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