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    Análise: Morte de Campos aumenta incerteza na eleição

    MAURO PAULINO
    DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
    ALESSANDRO JANONI
    DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA

    14/08/2014 02h00

    A morte trágica de Eduardo Campos reforça a imprevisibilidade e o ineditismo como marcas da eleição presidencial deste ano. Se o cenário deflagrado pelas manifestações de 2013, reformatado pela Copa e pelas incertezas da economia já era suficiente para desencorajar prognósticos, qualquer tentativa de fazê-lo agora beira a irresponsabilidade técnica e falta de sensibilidade política.

    Os 8% de intenções de voto obtidas pelo pessebista na última pesquisa Datafolha, em julho, não refletiam o potencial real de sua candidatura. Em momentos de exposição na mídia, seu nome chegou a alcançar até 15% de apoio, patamar que o colocou em situação de empate técnico com Aécio Neves na segunda colocação em abril último.

    Desconhecido para boa parte do eleitorado –há um mês 41% dos brasileiros admitiam nunca ter ouvido falar no seu nome–, o pernambucano tinha como desafio apresentar-se como alternativa concreta ao desejo de mudança da população. Se por um lado o desconhecimento não trazia apoio, por outro também anulava a rejeição.
    Campos tinha espaço para crescer –era o candidato com maior potencial de ascensão. Em julho, 44% dos entrevistados cogitavam alguma possibilidade de conversão à sua candidatura, com destaque para segmentos mais jovens e com nível superior de escolaridade.

    Nem Marina, com taxas mais altas de conhecimento, conseguia índices tão elevados de potencial quando figurava como provável cabeça de chapa. A candidata que em 2010 teve 18% dos votos nas urnas chegava a 27% das intenções de voto a presidente em abril, destacando-se em segmentos que Campos ainda não alcançava de maneira expressiva, como mulheres e moradores das regiões metropolitanas. Mas o fôlego da candidata para crescimento era menor: 29% de alto ou médio grau de conversão.

    Mas tudo isso é passado. Tentar apontar eventuais herdeiros para as intenções de voto do pessebista ou imaginar o impacto de sua morte com base em dados antigos seria pura adivinhação. O fato altera a lógica da disputa e só um novo levantamento junto aos eleitores poderá dimensionar o impacto emocional do fenômeno e, nas próximas semanas, os reflexos políticos mais cristalizados.

    Se antes a pergunta era o quanto Marina conseguiria transferir votos a Campos, a dúvida agora pode estar no reflexo do episódio sobre uma eventual candidatura da ambientalista. Tudo que se escreveu ou se disse sobre esta eleição até aqui ficará para a história, mas pouco serve para prever o futuro.

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