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    Horas antes, Campos comemorou desempenho no 'Jornal Nacional'

    RANIER BRAGON
    NATUZA NERY
    DE BRASÍLIA
    FABIO BRISOLLA
    DO RIO

    14/08/2014 02h00

    A última manifestação pública de Eduardo Campos ocorreu na noite de terça-feira (12), horas antes de embarcar no voo rumo a São Paulo.

    Após dar entrevistas ao "Jornal Nacional", da TV Globo, e ao "Jornal das Dez", da GloboNews, no Rio, ele chegou às 22h30 ao apartamento onde Marina Silva respondia a perguntas de eleitores.

    A entrevista de sua vice era transmitida ao vivo pelo site da campanha. Campos se sentou num sofá, ao lado de Marina, e respondeu a algumas questões formuladas.

    O clima mais descontraído que os compromissos anteriores lhe permitiu fazer piadas, uma delas em relação ao "Jornal Nacional".

    No telejornal, Campos foi questionado sobre a campanha que fez, em 2011, para emplacar a mãe, Ana Arraes, no Tribunal de Contas da União.

    "Uma parte desses 15 minutos é utilizada para as perguntas [incômodas] e aí você fica com 7 minutos. Falar de tudo em sete minutos nem locutor de corrida de cavalos consegue", brincou.

    No fim, questionado sobre por que escolheu Marina como vice, citou Mahatma Gandhi (1869-1948): "Eu e Marina não temos compromisso de discurso, é compromisso de vida. Gandhi dizia um negócio muito bom: melhor que fale por mim a minha vida do que as minhas palavras. A nossa vida, de quando a gente governou, sempre foi em torno disso que a gente prega hoje."

    Em seguida, Campos foi comemorar o seu desempenho nas entrevistas no restaurante do hotel Sofitel, em Copacabana, com assessores, a mulher, Renata, e o filho caçula, Miguel, de sete meses, que ficou dormindo no carrinho parte do tempo.

    Ele não se cabia em alegria, segundo os relatos. Considerou ter "ganhado" na entrevista ao Jornal Nacional.

    "Rapaz, foi bom, não foi?", indagou o deputado Pedro Valadares à Folha, por telefone, por volta da meia noite, enquanto jantava ao lado do candidato. "Foi melhor que o Aécio", completou ele, que também morreu no acidente.

    Horas antes do "Jornal Nacional", disse à reportagem estar pronto. Chegou a brincar: "Se [Willian] Bonner ficar brabo, vou pedir para ele sentar no meu lugar e entrevisto ele, para ver como é difícil. Espero que ele não queira ser a bala que matou [a personagem de novela] Odete Roitman comigo", completou, sorrindo, reproduzindo uma expressão usada no Nordeste quando se quer dar dimensão de algo importante.

    Além deles, estavam o assessor de imprensa, Carlos Percol, outra vítima do acidente, o coordenador de comunicação da campanha, Alon Feuerwerker e o sobrinho Rodrigo Molina.

    No jantar, Eduardo Campos pediu peixe, um robalo. De madrugada, telefonou ao correligionário Márcio França (PSB-SP) pedindo a ele que o representasse em um evento de manhã em Santos, pois, em razão da comemoração, queria descansar um pouco mais. "Eu disse que iria em seu lugar", contou França.

    Na manhã desta quarta (13), ele tomou café com a família no hotel, antes de seguir para o aeroporto Santos Dumont, onde embarcou para Santos às 9h21.

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