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    Relação de Marina com PSB não ficou sem ponte, diz Feldman

    MÁRCIO FALCÃO
    DE SÃO PAULO

    14/08/2014 20h03

    Sob forte impacto da morte do presidenciável e ex-governador Eduardo Campos (PSB), o grupo de Marina Silva evita tratar, em público, a ex-senadora como a sucessora natural da vaga do PSB para a disputa pela Presidência da República.

    Um de seus principais auxiliares, o ex-deputado Walter Feldman disse à Folha que Marina "é uma das possibilidades" para o posto, mas ressaltou que o momento não é de avaliar o cenário político, mas de prestar homenagens ao "estadista".

    Feldman, no entanto, disse que, apesar dos desafetos entre Marina e setores do PSB, há uma relação estreita atualmente entre os dois lados.

    "O Eduardo estendeu muito essa relação que era muito pessoal entre os dois. Construímos muitas coisas além dos dois. Não fica algo sem ponte. As pontes foram sendo construídas nesses meses", afirmou. Confira os principais trechos da entrevista.

    FOLHA - A Marina é o caminho natural do PSB para assumir a disputa pela Presidência?

    FELDMAN - A gente acha que no momento adequado, após as homenagens, o velório, o enterro, a coligação deve se reunir para ver o que fazer. E aí é uma decisão, na minha avaliação, que tem um forte componente do PSB porque eles que são a cabeça da chapa e da coligação e dos membros da coligação. Esse conjunto de informações que deve encontrar saídas. Qual delas? Acho que tem várias possibilidades. Marina é uma delas.

    Quais seriam as outras alternativas?

    O PSB é muito determinante nisso. Foi uma operação complexa de aproximação de duas pessoas grandes na política. Agora, é uma coligação programática. O que eu diria é que a herança deixada pelo Eduardo foi uma contribuição gigantesca à construção de uma aliança que tivesse caráter programático. Qualquer saída tem que ter esse componente. Nomes e substituições tem que ser em decorrência disso, do programa que ele deixou. É igual o que decidimos naquela madrugada que a Rede não tinha registro [na Justiça Eleitoral], mas tinha programa.

    Nos últimos meses, a Marina colecionou desafetos no PSB, seu nome poderia agregar o partido?

    Depende do PSB, da coligação. Essa não é a prioridade do momento. Agora, nós estamos no momento de muita emoção e é real. Nós criamos uma relação com o Eduardo muito familiar, muito forte. Na última viagem que fizemos estava eu, Marina, Renata e o Eduardo. A Renata estava com o Miguelzinho. É uma dor muito forte. Não dá para pensar no desdobramentos políticos.

    Marina tem canais de interlocução no PSB?

    Tem muitos. O Eduardo estendeu muito essa relação que era muito pessoal entre os dois.

    Quem são?

    O Carlos Siqueira [secretário-geral do PSB] , o Beto Albuquerque [deputado], o próprio Roberto Amaral [ vie-presidente do PSB], criamos muitos amigos. Contribuímos muito boas relações. Ficamos impressionados com Tarcísio Delgado [candidato do PSB ao governo de MG], com Mauricio Rands, uma figura incrível do programa de governo. Construímos muitas coisas além dos dois. Não fica algo sem ponte. As pontes foram sendo construídas nesses meses.

    A Marina tinha acertado que deixaria o PSB para formar a Rede após as eleições. Ela se tornando presidencial pelo PSB, isso ainda permanece?

    A Rede é um projeto que vai continuar. A marina sempre dizia que nosso compromisso é pós-eleitoral. Não era um compromisso de conveniência. Não era de ganhar as eleições, era de implantar uma nova agenda para o Brasil. Essa relação hoje com o PSB é muito estreita. Esse compromisso de dar continuidade é uma decisão desde o início estabelecida.

    O que marcou os dez meses de convivência entre Campos e Marina?

    Uma capacidade de agregação, capacidade enorme para o diálogo, para ouvir de fato, ouvir e escutar e não apenas ficar dialogando. É um ser humano que é o que hoje eu busco nos políticos e tem uma família muito presente. A Renata [ Campos] apesar de não opinar politicamente sempre foi fundamental para ele. Os filhos muitos participativos. Eu diria que era um ser humano extremamente raro. Alguém que na política vai fazer uma falta. É um dos grandes políticos que o brasil já teve.

    O que fica do Eduardo Campos político?

    Na última viagem, conversando um pouco com a Renata, a Marina, eu dizia que ele me lembrava muito Mário Covas [ex-governador de São Paulo]. Era um home de princípios e muito corajoso. Coragem politica extraordinária, capacidade de enfrentar, de sonhar. Falei para ele que era um gestor direto, pessoal, tem muita coragem, que reúne qualidade incríveis. Eu diria que estadistas se formam pouco. Esse estava se preparando, mas eu estava convencido que ele tinha todo o preparo técnico, intelectual, sensibilidade humana para dirigir o Brasil.

    O que tinha de mais coerente entre Marina e Eduardo?

    O enorme desejo de mudar o modelo politico no Brasil. Uma compreensão de que o atual modelo está superado. Isso entre os dois era muito forte. Ela com uma visão de que as bordas da sociedade se movimentam muito forte para mudar o núcleo. Ela com contribuição teórica, intelectual nessa área e ele com uma vivência muito forte de gestão sabendo que para fazer as grandes mudanças que o Brasil precisa, o atual modelo não suporta e pode fazer recuar os avanços que já tivemos. Os dois tinham muita sintonia nesse aspecto, da necessidade de mudar o que existe hoje.

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