• Poder

    Friday, 03-May-2024 10:12:47 -03
    [an error occurred while processing this directive]

    Análise: Candidatos falam em mudança, mas sem dizer o que alterar

    GUSTAVO PATU
    DE BRASÍLIA

    20/08/2014 02h00

    As principais estrelas do início do programa eleitoral subverteram a máxima irônica segundo a qual é preciso mudar para que tudo fique como está, do escritor italiano Giuseppe di Lampedusa.

    Dilma Rousseff, com Lula, e Aécio Neves parecem postular que é preciso falar permanentemente em mudança, mas sem apontar nada de concreto a ser alterado.

    Se o Datafolha mostra que três quartos dos eleitores querem medidas diferentes no próximo governo, resta à petista o malabarismo retórico de associar continuidade e transformação.

    "O Brasil (...) não interrompeu o grande ciclo de mudanças que vinha desde o governo Lula", disse Dilma na TV, ao falar dos feitos dos últimos anos. Não por acaso, o site lançado por Lula com o mesmo objetivo se chama "O Brasil da Mudança".

    A presidente-candidata atribui deficiências de seu mandato à crise internacional, que "reduziu um pouco o nosso ritmo de crescimento" –a queda foi de 4,6% ao ano, no governo anterior, para menos de 2%.

    E, como na campanha passada, promete-se um "novo ciclo" de desenvolvimento.

    Já Aécio, da coligação Muda Brasil, apresentou uma mensagem crítica à gestão de Dilma –mas não necessariamente às escolhas petistas que vêm desde Lula.

    Para se vacinar contra a acusação de pretender cortar programas sociais para conter a inflação, adotou uma tese fácil e enganosa sobre a redução do gasto público.

    "Tem outro jeito: gastar menos com o governo e mais com as pessoas", diz a propaganda do PSDB na TV.

    A mensagem é fácil de defender, por associar a possibilidade de mais benefícios à população à redução do custo da máquina federal –com um ataque implícito ao aumento do número de ministérios, estatais e cargos promovido pelo PT.

    E é enganosa porque a quase totalidade da escalada das despesas nos últimos anos está ligada à área social, ou, nas palavras do candidato, aos gastos "com as pessoas".

    Gastos com programas universais de transferência de renda às famílias –sem contar o Bolsa Família– saltaram de 6,7% para o equivalente a 9% Produto Interno Bruto de 2002 para 2013.

    Já os gastos do governo "com o governo" não apresentam sinais visíveis de elevação no período. Encargos com pessoal ativo e inativo, por exemplo, caíram de 4,8% para 4,2% do PIB.

    Editoria de Arte/Folhapress
    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024