• Poder

    Thursday, 02-May-2024 11:29:08 -03
    [an error occurred while processing this directive]

    Análise: Rompimento em chapa de Marina é lembrete da realidade

    IGOR GIELOW
    DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

    21/08/2014 11h07

    A primeira baixa na campanha de Marina Silva à Presidência é um alerta a seus partidários sobre as pedras em seu caminho ao Planalto.

    Claro que o marineiro otimista verá na saída de Carlos Siqueira, secretário-geral do PSB e antigo braço-direito de Eduardo Campos, um sinal inequívoco de que Marina é inflexível ideologicamente no comprometimento com a "nova política". Siqueira é o proverbial "quadro", homem de partido e de negociações, com longa história no PSB.

    Se isso é bom para a narrativa marineira de rompimento com práticas tradicionais, aparentemente um dos esteios centrais de sua intenção de voto alta e baseada na rejeição da política comezinha, a realidade pode mostrar-se bem complicada.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Após rejeitar palanques estaduais, costurados pela máquina do PSB com dificuldade em lugares como São Paulo, Marina corre o risco de perder musculatura para fazer a campanha na prática –de material como santinhos e cartazes à atração de financiadores.

    Pode-se argumentar que em 2010 foi assim, e que Marina fiou-se no apoio de poucos grupos empresariais e na campanha virtual para chegar aos quase 20 milhões de votos. Agora seria ainda mais fácil, e, em termos de discurso, "pega bem".

    Mas além de arriscar mais defecções em seu time de campanha, há outra questão que deverá assombrar os marineiros: o fantasma de Collor, que poderá ser explorado pelos seus adversários.

    Como se sabe, em 1989 o relativamente obscuro político alagoano elegeu-se com base na rejeição da política tradicional. Como Marina, não tinha lá muita estrutura inicialmente e o apoio congressual posterior a seu governo era basicamente artificial, mas tinha voto. Deu no que deu.

    Novamente, o marineiro otimista lembrará que Marina não é Collor, e que na verdade ela é uma política tradicional de uma linhagem que governa o Acre há anos, e que por 30 anos foi quadro do lulismo. Sua relação com o Congresso, ao final, será pactuada.

    Também dirá que ela "beijará a cruz" do mercado e do empresariado, buscando acalmar aqueles que vêm na candidata uma terrorista ambiental. E que a herdeira de um banco poderoso a apoia, o que é garantia de que não fará maluquices com nosso dinheiro.

    Ela pode fazer tudo isso. Mas e o discurso do "novo", onde ficará? É nessa linha tênue que a presidenciável terá de caminhar.

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024