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    Militar sem experiência em Cessna aprovou copiloto

    RICARDO GALLO
    DE DE SÃO PAULO

    23/08/2014 02h00

    Um militar da Aeronáutica sem experiência em Cessna Citation avaliou e aprovou a proficiência do copiloto do jato que caiu com o presidenciável Eduardo Campos.

    O exame, feito pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), é obrigatório.

    Geraldo Magela da Cunha, uma das sete vítimas do acidente, foi examinado em 25 de maio. Ele foi aprovado pela Anac sem testar algumas das situações que os pilotos podem enfrentar em voo, como identificar e recuperar o avião de uma perda de sustentação ou arremeter.

    As anotações estão em avaliação a que a Folha teve acesso, de 25 de maio, em um voo entre os aeroportos de Varginha e Pampulha (MG), em um jato Cessna Citation idêntico ao que se acidentou.

    O examinador foi o coronel aviador Luciano Volpatto, que tem habilitação para voar Challenger 600, jato para até 18 passageiros, um pouco maior que o Citation.

    Segundo pilotos com quem a Folha conversou, são jatos semelhantes, mas com algumas diferenças entre si.

    No teste de voo, para revalidar a habilitação em voos por instrumentos no Citation, Geraldo teve desempenho "satisfatório". Na ficha, o examinador constatou que ele tinha bom conhecimento do jato e das regras de tráfego aéreo. Disse que o piloto teve "bom padrão de pilotagem".

    Mas 26 das 78 situações de voo que um examinador tem que verificar não foram feitas. Parte ocorreu porque o piloto não foi submetido a um teste em simulador, no qual se reproduzem situações de risco que, se feitas em um avião de verdade, poderiam pôr em risco a segurança, como falha de motor em voo, recuperação de atitude anormal e despressurização.

    Por segurança, diz o relatório, não foi avaliada a ação de Geraldo na recuperação de perda de sustentação. A arremetida não ocorreu porque havia intenso tráfego aéreo.

    O comandante do Citation no acidente, Marcos Martins, foi aprovado no teste em simulador sem ressalvas.

    OUTRO LADO

    A Anac diz que os inspetores atuam como avaliadores em aeronaves similares à qualificação que têm. Foi o caso do exame de proficiência do copiloto Geraldo Cunha, apto a voar em jato executivo maior que o Citation.

    Segundo a agência, apenas 6,5% das avaliações são feitas por militares, outros 6,5% por servidores da Anac e 87% por pilotos credenciados.

    Os militares sempre avaliaram pilotos, continua. A tendência é haver cada vez mais credenciados para checar pilotos, tal qual nos EUA, diz a Anac, medida amparada na lei que criou a agência.

    Sobre o fato de Geraldo Magela não ter feito o simulador, a Anac disse que a autoridade de aviação dos Estados Unidos, onde ele tirou a habilitação para voar, "prevê a realização de treinamento integralmente em aeronave".

    Edson Silva - 29.mai.2014/Folhapress
    Eduardo Campos desembarca em Franca em maio após viajar no avião Cessna que caiu no último dia 13
    Eduardo Campos desembarca em Franca em maio após viajar no avião Cessna que caiu no último dia 13

    ACIDENTE

    O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Henrique Accioly Campos, 49, morreu no dia 13 de agosto em acidente aéreo em Santos, litoral paulista, onde cumpriria agenda de campanha. O jato Cessna 560 XL, prefixo PR-AFA, partira do Rio e caiu em área residencial. A Aeronáutica investiga a queda.

    Dois pilotos e quatro assessores também morreram, e sete pessoas em solo ficaram feridas. Os restos mortais removidos do local do acidente foram para a unidade do IML (Instituto Médico Legal) em São Paulo. Na noite de sábado (16), o corpo de Campos chegou ao Recife. Os filhos dele carregaram o caixão usando camisetas com a frase "Não vamos desistir do Brasil", dita pelo candidato na TV.

    Cerca de 130 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, acompanharam no domingo (17) o cortejo com o corpo de Eduardo Campos no Recife, após o velório no Palácio do Campos das Princesas. O ex-governador foi enterrado sob gritos de "Eduardo, guerreiro do povo brasileiro", aplausos e fogos de artifício. No velório, Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Lula receberam vaias da multidão, depois abafadas por aplausos. O senador mineiro Aécio Neves (PSDB) também participou da cerimônia.

    Marina Silva ficou ao lado de Renata Campos, viúva do candidato, durante o velório e o enterro. No cemitério, a ex-senadora foi seguida por pessoas que gritavam seu nome e tentavam tocá-la. Os corpos das outras vítimas do acidente foram enterrados em Recife, Aracaju, Maringá (PR) e Governador Valadares (MG).

    Governador de Pernambuco por dois mandatos, ministro na gestão Lula, presidente do PSB e ex-deputado federal, Campos estava em terceiro lugar na corrida ao Planalto, com 8% no Datafolha. Conciliador, era considerado um expoente da nova geração da política.

    Campos morreu num 13 de agosto, mesmo dia da morte do avô, o também ex-governador Miguel Arraes (1916-2005). Campos deixa mulher, Renata Campos, e cinco filhos, o mais novo nascido em janeiro. "Não estava no script", disse Renata.

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