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    PSB diz que empresários emprestaram jato para Campos fazer campanha

    MARINA DIAS
    DE SÃO PAULO

    26/08/2014 16h33

    O PSB divulgou nota nesta terça-feira (26) para abordar pela primeira vez oficialmente a polêmica envolvendo o jato usado por Eduardo Campos em 13 de agosto, dia do acidente que matou o então presidenciável da sigla e outras seis pessoas. Segundo o partido, os empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana Vieira, amigos pessoais do ex-governador de Pernambuco, emprestaram a aeronave para uso durante toda a campanha.

    De acordo com o texto, o PSB iria contabilizar e declarar à Justiça Eleitoral o empréstimo da aeronave somente após o término da campanha, na prestação de contas final ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

    "Nos termos facultados pela legislação eleitoral, e considerando o pressuposto óbvio de que seu uso teria continuidade até o final da campanha, pretendia-se proceder à contabilização ao término da campanha eleitoral, quando, conhecida a soma das horas voadas, seria emitido o recibo eleitoral, total e final", diz a nota.

    A legenda afirma ainda que o acidente impôs "conhecidas alterações tanto na direção partidária quanto na estrutura e comando da campanha", o que explicaria "as dificuldade enfrentadas no levantamento" das informações relativas ao avião.

    A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, havia prometido explicações do partido sobre o assunto para esta terça-feira (26). A ex-senadora ressaltou que, além dos esclarecimentos legais, há a preocupação com "as causas do acidente" que matou seu ex-companheiro de chapa.

    A nota do PSB, no entanto, não esclarece a identidade dos verdadeiros proprietários do avião utilizado por Campos.

    INVESTIGAÇÃO

    A Polícia Federal investiga o uso da aeronave, que não aparecia na primeira prestação de contas da campanha de Campos ao TSE.

    O negócio pode estar em um limbo jurídico, já que o jato havia sido vendido pelo grupo AF Andrade – que está em recuperação judicial – mas não tem um novo dono identificado.

    Em 15 de maio, João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho assinou um compromisso de compra do jato e depois indicou as empresas BR Par e Bandeirantes Pneus para assumir dívidas de US$ 7 milhões (R$ 16 milhões) junto à Cessna. A Bandeirantes foi recusada por falta de capacidade econômica. No papel, no dia do acidente o jato ainda pertencia à AF Andrade.

    Edson Silva - 29.mai.2014/Folhapress
    Eduardo Campos desembarca em Franca em maio após viajar no avião Cessna que caiu no último dia 13
    Eduardo Campos desembarca em Franca em maio após viajar no avião Cessna que caiu no último dia 13

    *

    CONFIRA A ÍNTEGRA DA NOTA:

    O Partido Socialista Brasileiro esclarece:

    A aeronave de prefixo PR-AFA, em cujo acidente faleceu seu presidente, Eduardo Henrique Aciolly Campos, nosso candidato à presidência da República, teve seu uso - de conhecimento público– autorizado pelos empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana Vieira.

    Nos termos facultados pela legislação eleitoral, e considerando o pressuposto óbvio de que seu uso teria continuidade até o final da campanha, pretendia-se proceder à contabilização ao término da campanha eleitoral, quando, conhecida a soma das horas voadas, seria emitido o recibo eleitoral, total e final.

    A tragédia, com o falecimento, inclusive, de assessores, impôs conhecidas alterações tanto na direção partidária quanto na estrutura e comando da campanha, donde as dificuldades enfrentadas no levantamento de todas as informações que são devidas aos nossos militantes e à sociedade brasileira.

    Brasília, 6 de agosto de 2014

    ACIDENTE

    O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Henrique Accioly Campos, 49, morreu no dia 13 de agosto em acidente aéreo em Santos, litoral paulista, onde cumpriria agenda de campanha. O jato Cessna 560 XL, prefixo PR-AFA, partira do Rio e caiu em área residencial. A Aeronáutica investiga a queda.

    Dois pilotos e quatro assessores também morreram, e sete pessoas em solo ficaram feridas. Os restos mortais removidos do local do acidente foram para a unidade do IML (Instituto Médico Legal) em São Paulo. Na noite de sábado (16), o corpo de Campos chegou ao Recife. Os filhos dele carregaram o caixão usando camisetas com a frase "Não vamos desistir do Brasil", dita pelo candidato na TV.

    Cerca de 130 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, acompanharam no domingo (17) o cortejo com o corpo de Eduardo Campos no Recife, após o velório no Palácio do Campos das Princesas. O ex-governador foi enterrado sob gritos de "Eduardo, guerreiro do povo brasileiro", aplausos e fogos de artifício. No velório, Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Lula receberam vaias da multidão, depois abafadas por aplausos. O senador mineiro Aécio Neves (PSDB) também participou da cerimônia.

    Marina Silva ficou ao lado de Renata Campos, viúva do candidato, durante o velório e o enterro. No cemitério, a ex-senadora foi seguida por pessoas que gritavam seu nome e tentavam tocá-la. Os corpos das outras vítimas do acidente foram enterrados em Recife, Aracaju, Maringá (PR) e Governador Valadares (MG).

    Governador de Pernambuco por dois mandatos, ministro na gestão Lula, presidente do PSB e ex-deputado federal, Campos estava em terceiro lugar na corrida ao Planalto, com 8% no Datafolha. Conciliador, era considerado um expoente da nova geração da política.

    Campos morreu num 13 de agosto, mesmo dia da morte do avô, o também ex-governador Miguel Arraes (1916-2005). Campos deixa mulher, Renata Campos, e cinco filhos, o mais novo nascido em janeiro. "Não estava no script", disse Renata.

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