Três empresas-fantasmas ou sem capacidade financeira foram usadas para pagar o jato em que o então candidato à Presidência pelo PSB Eduardo Campos voava no dia do acidente que o matou, em 13 de agosto, segundo reportagem exibida pelo "Jornal Nacional" nesta terça (26).
A lista de depósitos e pagadores foi entregue à Polícia Federal pelos antigos donos do avião, Alexandre e Fabrício Andrade, do grupo A. F. Andrade, de Ribeirão Preto (SP).
Em depoimento à PF, eles contaram que a aeronave foi comprada por três empresários de Pernambuco: João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, Apolo Santana Filho e Eduardo Ventola.
Os pagamentos foram feitos por meio de 16 depósitos bancários, realizados em nome de seis empresas ou pessoas diferentes, totalizando R$ 1,71 milhão.
O "Jornal Nacional" mostrou que entre as empresa, estão a peixaria Geovane Pescados, a RM Construtora –que funciona numa casa no Recife (PE)– e a Câmara & Vasconcelos, cuja sede é uma sala vazia.
Além do valor pago à A. F. Andrade, os empresários pernambucanos assumiram uma dívida de R$ 16 milhões com a Cessna. Ele indicaram duas empresas para substituírem o grupo de Ribeirão Preto no leasing com a fabricante do avião, mas elas não foram aprovadas, colocando o negócio em um limbo jurídico.
O caso passou a ser investigado pela Polícia Federal após a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) apontar dificuldades para identificar o real dono e o operador do avião durante a investigação do acidente ocorrido em Santos, no litoral paulista.
Apesar de ainda estar registrado na Anac em nome da A. F. Andrade, o jato já estava sendo usado por Campos em sua campanha presidencial desde maio.
Policiais também consideram a hipótese de o jato ter sido comprado com recursos de caixa dois de empresários ou do partido.
Segundo os donos da A. F. Andrade, Campos chegou a fazer um teste com o avião no dia 8 de maio, quando voou de Ribeirão Preto (SP) até Uberaba (MG), para visitar a Expozebu. Uma semana depois, João Carlos Lyra assinou o compromisso de compra da aeronave.
NOTA DO PSB
O PSB afirmou nesta terça-feira que o jato havia sido emprestado por João Carlos Lyra e Apolo Santana Vieira.
A nota assinada pelo presidente da sigla, Roberto Amaral, foi a primeira manifestação oficial do PSB sobre a situação do avião.
Ainda segundo a nota, o PSB iria declarar à Justiça Eleitoral os gastos com o jatinho somente no fim da campanha, como permite a lei.
Após a exibição da reportagem, Amaral disse durante sua chegada ao debate dos presidenciáveis na Band que o negócio do avião não envolveu "notas frias nem quentes" e que o "Jornal Nacional" está errado.
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