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    PT avalia aproximação com setor privado

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    31/08/2014 02h00

    A entrada de Marina Silva (PSB) na disputa eleitoral, ameaçando a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), reacendeu dentro da campanha petista o debate sobre a necessidade de acenar na direção do setor privado, sinalizando com ajustes na política econômica para 2015.

    Segundo assessores, era praticamente impossível disputar a simpatia do empresariado com Aécio Neves (PSDB). Com Marina, porém, a avaliação é que isto não só é possível como mais factível e até necessário.

    A Folha apurou que a ideia tem, hoje, apoio entre assessores da campanha, no grupo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e até em setores do governo, mas Dilma ainda não tomou uma decisão neste sentido.

    Antes da morte de Eduardo Campos e sua substituição por Marina, a presidente costumava dizer que não adiantava ficar fazendo sinalizações para um setor que já tinha lado definido –de preferência Aécio Neves e, em segundo lugar, Campos.

    Zanone Fraissat/Folhapress
    Dilma e Temer acompanham discurso de Paulo Skaf durante evento do PMDB em Jales (SP)
    Dilma e Temer acompanham discurso de Paulo Skaf durante evento do PMDB em Jales (SP)

    Agora, destacam assessores, o cenário é diferente. Não só o preferido do empresariado pode ficar fora do segundo turno da eleição como a possível adversária da petista deve ser uma candidata que causava, no passado, arrepios no setor privado.

    Pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira (29) mostrou Aécio em terceiro lugar, com 15% das intenções de voto, atrás da ex-senadora e de Dilma, ambas com 34%.

    "Agora temos condições de recuperar o apoio do setor privado para a presidente, não podemos deixar que ele passe, em peso, a ficar do lado de Marina", diz um interlocutor do ex-presidente Lula.

    Um auxiliar presidencial diz, porém, que Dilma ainda não emitiu nenhum sinal de que acatará a proposta e, além disso, há dúvidas dentro do governo sobre o que prometer ao setor privado.

    Assessores da campanha dizem, porém, que o governo precisa encontrar uma forma de dialogar e atrair o empresariado que já começa a namorar Marina.

    A ex-senadora tem feito críticas à política econômica do governo. No sábado, classificou como "lamentável" o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre, que caiu 0,6% e levou o país a entrar em recessão técnica pela primeira vez desde a crise financeira global de 2008.

    ESTRATÉGIA

    Um caminho imediato, segundo setores da campanha, é explorar as contradições de Marina com setores do empresariado, como empreiteiras (que tocam obras de grandes hidrelétricas), mineradoras (por causa dos riscos ambientais) e até com o mercado financeiro.

    O ideal, dizem eles, seria sinalizar ajustes na política econômica para recuperar a credibilidade do governo tanto no setor empresarial quanto no mercado financeiro. Isto implicaria, por exemplo, em um compromisso sério com transparência na área fiscal, em que o governo perdeu credibilidade.

    No início deste ano, Lula já havia dito a interlocutores que Dilma precisava mostrar, na campanha eleitoral, o que faria para arrumar os erros da economia.

    No ano passado, ele chegou, inclusive, a sugerir a Dilma que fizesse mudanças em sua equipe econômica como reação à queda de popularidade provocada, inicialmente, pela alta da inflação –hoje beirando o teto da meta, de 6,5%.

    A presidente, contudo, acabou não acatando nenhuma das sugestões. Entre assessores, a informação era que a petista faria estas sinalizações apenas depois de reeleita. Depois, falou-se em adotar esta estratégia no segundo turno. Agora, a pressão é para que os sinais sejam dados imediatamente.

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