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    Marina é 'mais completa' que Pastor Everaldo, diz líder da Sara Nossa Terra

    RICARDO MENDONÇA
    DE SÃO PAULO

    02/09/2014 20h27

    Líder da igreja evangélica neopentecostal Sara Nossa Terra, o bispo Robson Rodovalho acabou de anunciar apoio à candidatura de Marina Silva (PSB) à Presidência da República.

    Até então, a igreja estava em cima do muro em relação à eleição presidencial. No fim de junho, Rodovalho chegou a publicar um artigo simpático ao Pastor Everaldo (PSC) na Folha. No texto "Antes pedintes, agora negociadores", ele escreveu que "a candidatura do pastor Everaldo revela clara mudança de posição do segmento evangélico como 'player' do jogo político".

    O estopim para a tomada de decisão a favor de Marina, diz, foi a "substituição" do trecho do programa de governo do PSB que tratava dos direitos dos homossexuais.

    Ex-deputado federal eleito pelo PFL do Distrito Federal (atual DEM), Rodovalho mudou para o PP em 2009, ano em que assumiu o cargo de secretário do Trabalho no governo José Roberto Arruda. No ano seguinte, teve o mandato de deputado cassado pela Justiça Eleitoral por infidelidade partidária.

    Fundada em 1992 por Rodovalho, a Sara Nossa Terra tem 1.058 igrejas no Brasil e no exterior, segundo seu site.

    Folha - O senhor estava indeciso sobre quem apoiar para presidente. Decidiu agora?

    Pois é. Nós vamos somar com a Marina. Eu acho que o gesto que ela fez, de fazer aquela substituição da proposta [sobre homossexuais] junto ao programa do PSB foi muito importante para a gente. Foi uma decisão corajosa. Foi uma sinalização muito boa, muito forte. Por outro lado, nosso movimento precisa fazer uma contrapartida. E acreditar que no futuro, deixando o Legislativo cumprindo sua função, o restante a gente vai acertar na caminhada. O Legislativo faz o trabalho de construir consenso dentro dos dissensos.

    Por que Marina, na sua opinião, é melhor candidata que o Pastor Everaldo?

    Não é que ela seja melhor candidata. Ela conseguiu uma sensibilidade da sociedade construindo uma esperança, apontando para uma nova forma de ver e realizar a política. E somando isso com as nossas aspirações, as nossas bandeiras. Então a gente acha que o fato de ela carregar um certo compromisso com a maneira com que vemos a sociedade, ela ainda agrega ao fato da nova forma de ver a política. A política precisa ser vista de uma maneira diferente. A gente tem de ter coragem de atacar o cerne desse distanciamento entre a representatividade legítima dos políticos e a sociedade. E ela apresentou isso.

    Mas, voltando ao começo da sua resposta, então o senhor acha que ela não é melhor que o Pastor Everaldo, é isso?

    Não, não. Ela é melhor nesse contexto, assim. A melhor expressão é esta: ela é mais completa. As propostas e a visão de realidade atual que ela trouxe, e que está trazendo ao debate, é bem mais completa. Mais ampla. E permeia os anseios da sociedade. E, consequentemente, os anseios da igreja. Porque ela inclui as bandeiras. E a forma de abordar as bandeiras é de uma maneira muito democrática, muito sensível. E vai no outro espectro, no outro lado, que é a questão de uma nova visão política.

    Como foi o processo de decisão na igreja Sara Nossa Terra?

    Bom, a gente tem conversado com um, com outro. Mas nós amadurecemos isso especialmente depois que ela sinalizou a sensibilidade com as nossas bandeiras. A gente entendeu que isso é um fato importante, muito importante. Ela pagou um preço por isso, está pagando, e é hora do nosso segmento apresentar solidariedade e reconhecimento pelo gesto que ela fez.

    Até então a igreja não tinha candidato?

    Nós estávamos avaliando tudo, entendeu? E outra coisa: os debates estão elucidando muito. Estão se tornando muito elucidativos. E ela [Marina] tem conseguido, com uma clareza muito grande, expor a sua expectativa de futuro, de governo. O que mostra, realmente, bastante solidez. Então acho que era hora de a gente prestar esse apoio.

    O senhor irá pedir voto para ela na igreja?

    Agora vai depender um pouco... Eu estou me posicionando, nós estamos nos posicionando como líderes, e a partir de agora a gente vai estudar como a gente vai poder fazer da maneira mais eficiente. Da maneira mais democrática, respeitando os demais, claro. A maneira de a gente não impor, mas tentar convencer que é o momento especial, que a gente precisa somar forças.

    Mas o que seria "uma maneira mais eficiente"? Terá comunicado para os fiéis?

    Sim, vou, devo fazer [um comunicado]. Está muito amadurecido os prós e contras. Nós vamos fazer isso de uma maneira democrática, não estamos impondo. Vamos apenas detalhar porque concluímos. E aí são razões bastantes firmes e claras.

    O senhor fala diretamente com alguém da campanha da Marina? Tem interlocução?

    A melhor interlocução que nós temos é com ela mesmo. Até porque a campanha... Eu tenho uma boa relação com o Beto [Albuquerque, candidato a vice] porque fui deputado com ele também. E ela é uma pessoa muito querida. Muito aberta também, muito acessível.

    O senhor falou com ela agora?

    Não. Eu tive um encontro com eles muito rápido em Ribeirão Preto, na quinta-feira. Mas eles não tinham se posicionado ainda, esse novo posicionamento que fizeram. Mas fizemos isso pelo processo, pela evolução do processo.

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