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    Campanha do PT compara Marina a Jânio e a Collor

    MÁRCIO FALCÃO
    MARINA DIAS
    DE SÃO PAULO
    ANDRÉIA SADI
    VALDO CRUZ
    GABRIELA GUERREIRO
    FERNANDO RODRIGUES
    DE BRASÍLIA

    03/09/2014 02h00

    A campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff repaginou a "estratégia do medo" –condenada pelo próprio partido em outras disputas eleitorais– para tentar desconstruir a imagem da presidenciável Marina Silva (PSB), que se tornou a principal adversária da petista na disputa pelo Planalto.

    Ao lado do ex-presidente Lula em uma carreata em São Bernardo do Campo (SP), Dilma disse ter ficado "muito preocupada" com o programa de Marina que, segundo a petista, "reduz a pó a política industrial e tira o poder dos bancos públicos de participar do financiamento da indústria e da agricultura".

    Na propaganda na televisão, a campanha petista comparou Marina a Jânio Quadros e Fernando Collor (PTB), presidentes que enfrentaram problemas para governar e deixaram o poder antes do fim de seus mandatos.

    A propaganda questiona a capacidade de Marina de reunir apoio político. Em seguida, mostra imagens de Jânio Quadros (1917-1992) e referências ao impeachment de Fernando Collor de Mello.

    "Duas vezes na nossa história, o Brasil elegeu salvadores da pátria. Chefes do partido do 'eu sozinho' E a gente sabe como isso acabou. Sonhar é bom, mas eleição é hora de botar o pé no chão e voltar à realidade."

    Collor, hoje aliado do PT e de Dilma, não é citado nominalmente e o programa também não mostra imagens dele, apenas lembra o processo que o tirou do poder.

    Durante sabatina do jornal "O Estado de S. Paulo" nesta terça, Marina respondeu com ironia ao teor do programa.

    Ela ressaltou sua trajetória política e disse que uma pessoa "que nunca foi eleita nem vereadora e foi eleita presidente do Brasil aí sim poderia parecer Collor". Dilma venceu em 2010 sem nunca ter disputado uma eleição.

    CARIMBO

    A série de ataques disparados pelo PT tenta vincular a Marina o risco de um governo instável e defensor de propostas que trariam retrocesso econômico e social.

    A estratégia foi discutida pelo alto comando da campanha na segunda-feira. Na reunião, Lula disse, segundo relatos, que será o segundo turno mais ''longo'' da história.

    Os ataques petistas a Marina se multiplicaram ao longo do dia. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o programa da ex-senadora é temerário por conter "instrumentos que podem reduzir a atividade econômica".

    O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), acusou Marina de se unir a "raposas", adotar o "obscurantismo" em suas propostas e ser o "FHC de saias" -referência ao ex-presidente tucano.

    Lula evitou citar diretamente Marina. À militância, afirmou que o eleitor não tem duas opções.

    "Se nós quisermos o bem desse país, que esse país continue gerador de emprego e não subordinado ao sistema financeiro, nós não temos duas escolhas e nem uma e meia. Nós temos uma escolha, que é votar na Dilma."

    O candidato à vice de Marina, Beto Albuquerque, rebateu os ataques. "Nunca imaginei que Dilma e Lula se prestariam, diante do primeiro revés, ou da primeira possibilidade de não vencer, a fazer esse discurso atrasado. É uma conduta de golpismo."

    A tática de instigar o medo no eleitor já foi usada anteriormente. Em 1989, a vitória de Collor (à época no PRN) foi atribuída em parte ao medo de um governo Lula. Em 1998, quando o país enfrentava dificuldades econômicas, o então candidato à reeleição Fernando Henrique Cardoso (PSDB) explorou o temor de que a situação pudesse piorar se Lula vencesse.

    Em 2002, o PSDB novamente tentou usar a tática. O então marqueteiro petista, Duda Mendonça, cunhou a expressão "a esperança vai vencer o medo", e Lula venceu.

    Editoria de arte/Folhapress
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