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    Marina reúne eleitores de espectros diferentes

    MAURO PAULINO
    DE DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
    ALESSANDRO JANONI
    DE DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA

    07/09/2014 02h00

    A pesquisa divulgada neste domingo (7) pelo Datafolha mostra o quanto a população se posiciona na disputa presidencial por meio do debate de ideias.

    O que pode, em primeiro momento, figurar como um paradoxo –candidaturas que se dizem de esquerda liderando um cenário que tende à direita– é na verdade um indicador de amadurecimento dos eleitores.

    Revela a capacidade dos brasileiros em identificar nuances em discursos de diferenças rasas, muitas vezes dominados por ruídos intencionais e sem fidelidade ideológica.

    Uma leitura das evoluções no período já confirma essa hipótese. A maioria dos que pretendem votar em Dilma, por exemplo, não se enquadra nas categorias de direita.

    A presidente é a candidata com maior participação de esquerdistas na composição de seu eleitorado. Não surpreende, portanto, o fato de que, no mesmo período em que a taxa de entrevistados com classificação à direita subiu seis pontos, o índice de intenção de voto da presidente tenha caído sete. Em novembro do ano passado, Dilma tinha 42% das intenções de voto no cenário com Marina e hoje tem 35%.

    Como a classificação se baseia em opiniões sobre temas polêmicos, existe necessidade de observar em quais pontos há mudanças de posicionamento do eleitorado e explorar correlações com os acontecimentos dos últimos dez meses.

    Um dos itens com maior variação nesse espaço de tempo, por exemplo, e que contribuiu para o crescimento dos direitistas refere-se ao papel dos sindicatos.

    A imagem da instituição entre os brasileiros piorou desde o final de 2013, reflexo talvez da onda de greves que antecedeu a realização da Copa no país, como a da polícia em Pernambuco e do transporte público em São Paulo e no Rio, amplamente reverberadas pelo noticiário.

    DISCURSO BIPOLAR

    Mas são as posições dos eleitores de Marina Silva em relação aos temas apresentados que melhor ilustram o debate da corrida presidencial deste ano. Ora com opiniões próximas às dos eleitores de Dilma, ora com posições mais parecidas com os de Aécio Neves, o segmento reflete o discurso bipolar de sua candidata.

    Os que escolhem a ambientalista condenam tanto quanto os petistas a posse de armas e a falta de oportunidade para os pobres, mas defendem, tanto quanto os tucanos, a redução de impostos e menor interferência do governo na economia.

    Não é a toa que a ex-ministra do Meio Ambiente atrai 32% dos que são classificados de direita e 35% dos centro-direita, ante 30% e 32% de Dilma nesses estratos.

    Como também não parece ser apenas um aceno a empresários a declaração da presidente sobre o futuro de sua equipe de governo. Considerando a realidade do eleitorado, parece mais, como diria o Leão da Montanha, uma saída estratégica à direita.

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