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    Agricultor é um dos últimos a preservar seringal onde Marina nasceu

    PATRÍCIA BRITTO
    ENVIADA ESPECIAL AO SERINGAL BAGAÇO (AC)
    FÁBIO PONTES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO SERINGAL BAGAÇO (AC)

    07/09/2014 02h00

    A seis quilômetros de Breu Velho (AC), onde nasceu Marina Silva, mora o agricultor Francisco Xavier de Lima, 63, uma das poucas pessoas da região que ainda se lembram de ter convivido com a hoje candidata à Presidência.

    As terras fazem parte do chamado seringal Bagaço, trecho da zona rural de Rio Branco entre o rio Acre e as margens da BR-317. Marina morou no local ajudando a família na coleta de látex até 1974, quando se mudou para a área urbana de Rio Branco.

    A reportagem encontrou o agricultor, conhecido como Chico Xavier, enquanto tentava chegar ao lugar exato onde Marina nasceu. Mas as estradas de terra em direção ao antigo Breu Velho terminam em duas fazendas de gado com os portões fechados.

    "Ela nasceu ali, do outro lado do igarapé Iquiri. Hoje é tudo campo e fazenda, acabou tudo. Só mora boi lá", aponta Chico.

    Assim como a família de Marina, ele também vivia da venda da borracha extraída das árvores seringueiras. Hoje, os seringais praticamente não existem na região.

    Sobre a agora candidata, Chico conta que se lembra de encontrá-la no "barracão", onde as famílias que viviam de extrativismo iam vender a borracha para os "patrões", os proprietários das terras.

    "No seringal era o seguinte, as famílias chegavam pra deixar as vendas no barracão. Todo mundo via a Marina lá. Ia e voltava, e a gente encontrava ela lá", diz. "Era uma pessoa muito batalhadora, o pai dela também, só que era pobrezinho."

    Às margens da BR-317, próximo ao quilômetro 70, a terra de Chico Xavier é uma das poucas que preserva as características de quando a extração do látex era a principal atividade econômica do Bagaço.

    São 65 hectares de floresta, uma fonte de água mineral e plantações variadas. Agora, em vez da borracha, ele vende castanhas, mandioca, banana, abacate e caju, em uma banca de madeira que construiu à beira da estrada.

    "A seringa não dá mais pra cortar porque dividiram as terras em fazendas, acabaram com as seringueiras. Sobraram umas, mas são muito poucas, não compensa mais."

    RIO ACRE

    Outra forma de chegar ao Bagaço é atravessar o rio Acre de canoa. Até a margem dele, é possível chegar por uma estrada de terra, que fica intransitável nas estações chuvosas.

    Quem acompanhou a reportagem até a vila onde Marina nasceu foi a agricultora Maria do Carmo de Oliveira Araújo, 50, que preside a associação de moradores do Bagaço.

    No caminho, ela conta que a maioria das pessoas que moram hoje no seringal não conviveu diretamente com Marina, mas se lembra dos relatos de moradores antigos sobre a ex-ministra.

    "O que me repassaram é que ela era boa de conta. Ela fazia as contas das pessoas que pediam na hora de vender a borracha, porque muitos não sabiam", afirma.

    A menos de um mês da eleição, a vila de moradores do Bagaço ainda não foi alvo de campanhas presidenciais. Os moradores dizem ainda não ter decidido em quem votar, mas demonstram simpatia pela candidata conterrânea.

    "Fico orgulhosa de ela ter nascido aqui onde a gente mora e ser o que é hoje. É um privilégio", diz Maria do Carmo. "Aqui nunca pensaram que ela ia chegar aonde chegou."

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