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    Doleiro deu helicóptero a deputado, afirma delator

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    12/09/2014 03h15

    O doleiro Alberto Youssef deu de presente um helicóptero para o deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA), segundo relato do advogado Carlos Alberto Pereira da Costa à Justiça, em um acordo de delação premiada.

    Uma empresa controlada pelo doleiro, a GFD Investimentos, pagou R$ 796 mil pela aeronave em janeiro de 2013, de acordo com documentos apreendidos.

    A suspeita inicial da Polícia Federal era que o doleiro emprestasse o helicóptero para o parlamentar usar na Bahia. Pereira da Costa, no entanto, relatou uma situação diferente: "Esse helicóptero era de propriedade do deputado Luiz Argôlo", disse em depoimento à Justiça.

    O advogado foi preso em março pela PF sob acusação de integrar um grupo liderado por Youssef, apontado como responsável pela lavagem de R$ 10 bilhões. Ele decidiu fazer uma delação em troca de uma pena menor.

    Pereira da Costa é uma espécie de laranja de luxo do doleiro: atuava como representante da GFD Investimentos e de duas empresas que o doleiro abriu nos EUA para esconder o dinheiro sem origem que acumulou, a Devonshire Global Fund e Devonshire Latam Investments.

    Divulgação
    O helicóptero Robinson comprado em 2013 por uma empresa controlada pelo doleiro Alberto Youssef, que está preso
    O helicóptero Robinson comprado em 2013 por uma empresa controlada pelo doleiro Alberto Youssef, que está preso

    PROXIMIDADE
    Argôlo é um dos parlamentares mais próximos de Youssef, segundo documentos apreendidos e interceptações de mensagens feitas pela Operação Lava Jato.

    Segundo a contadora Meire Pozza, que trabalhava para o doleiro, Youssef é sócio do deputado numa empreiteira, a Malga Engenharia.

    O chefe de gabinete do deputado na Câmara, Vanilton Pinto, é acusado de ter recebido R$ 120 mil de Youssef e foi afastado do cargo –o que o antigo assessor nega.

    Num período de seis meses, o doleiro e o deputado trocaram 1.411 mensagens via celular, uma média de quase oito por dia, segundo interceptações feitas pela PF.

    O doleiro chegou a entregar dinheiro no apartamento que a Câmara lhe cede, segundo a revista "Veja".

    A Comissão de Ética da Câmara abriu processo contra Argôlo para apurar suposta quebra de decoro. O deputado nega as acusações.

    O advogado de Youssef, Antonio Augusto Figueiredo Basto, afirma que Pereira da Costa não tem provas do que fala: "Vai ficar a palavra de um contra a do outro. Meu cliente nunca fez favores ao deputado".

    A assessor de imprensa de Argôlo, Miguel dos Santos, disse que o parlamentar desconhece o depoimento do advogado à Justiça.

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