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    'Dilma, não vou te combater com suas armas', afirma Marina

    ANDRÉ UZÊDA
    DE FORTALEZA

    12/09/2014 20h15

    Num discurso duro e repleto de referências diretas a rivais, a candidata à Presidência Marina Silva (PSB) afirmou na noite desta sexta-feira (12), em Fortaleza, ser vítima de "injustiças" e "mentiras" na campanha.

    "Dilma, você fique ciente, não vou te combater com as suas armas, vou te combater com a nossa verdade, com o nosso respeito e com as nossas propostas", disse a ex-senadora, no ato numa praça do centro da cidade.

    Marina citou o princípio cristão de "oferecer a outra face" diante de ataques e fez referências ao seu passado no PT, partido do qual se desfiliou em 2009, ao lamentar a estratégia da campanha petista.

    "Defendi Lula de todas as mentiras que disseram contra ele, e hoje eles repetem contra mim com o mesmo punhal enferrujado que foi usado no passado contra ele, eles me cravam nas costas", afirmou Marina.

    "Todas as mentiras que foram ditas contra o Lula não são maiores do que o Lula", completou a candidata, que antes havia citado líderes históricos como Gandhi (1869-1948), Martin Luther King Jr. (1929-1968) e Nelson Mandela (1918-2013).

    "Pode ter certeza que todas as mentiras que estão sendo ditas contra mim não são maiores do que o povo brasileiro", disse.

    Como tem feito em eventos recentes, a ex-ministra do Meio Ambiente conclamou o público a rebater "mentiras" contra ela difundidas pela internet. "Não é para agredir a Dilma, não é para fazer o que ela está fazendo comigo. Não vou agredir e mentir contra uma mulher. Nós demoramos muito para ter a primeira mulher presidente da República."

    Empatada com Dilma na preferência do eleitorado, segundo o Datafolha, Marina afirmou que manterá programas petistas como o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e o Mais Médicos. Citou propostas do programa do PSB, como a escola em tempo integral e o passe livre estudantil, e cobrou a divulgação dos programas dos rivais.

    "Cadê o programa do Aécio? Cadê o programa da Dilma? Ela disse que não vai apresentar, sabe por quê? Porque ela não pode dizer o que eu estou dizendo, que vou escolher diretores da Petrobras com base em competência técnica, compromisso ético e princípio da boa gestão."

    PROTESTO LGBT

    Um grupo de cerca de 20 pessoas que se apresentavam como militantes da causa LGBT vaiou Marina ao começo do discurso, chamando-a de "homofóbica". Algumas dessas pessoas traziam nas roupas adesivos da campanha de Dilma.

    Uma delas, que se identificou como Érica Carvalho, 27, afirmou ser filiada a um partido que apoia Dilma, mas não quis revelar a sigla e negou que a ação tenha tido cunho partidário. "Não se pode misturar as coisas, não estou aqui como participante de partido politico, mas, sim, como movimento LGBT."

    Houve um princípio de confusão entre apoiadores de Marina e o grupo que protestava. Após as vaias, Marina fez referência à democracia e ao direito de manifestação.

    Durante o discurso e em entrevista antes do ato, disse que o programa do PSB é o mais favorável à causa LGBT.

    "Nosso programa é o que tem as melhores propostas para o movimento LGBT. Façam um quadro comparativo entre propostas do Aécio, da Dilma e o da Luciana Genro [PSOL], que agora, depois que cobramos, mudou o programa dela porque eram apenas algumas frases genéricas", disse Marina.

    ENCONTRO COM EMPRESÁRIOS

    Após o comício, a candidata seguiu a um evento na Fiec (Federação das Industrias do Estado do Ceará).

    Diante de empresários, usou o escândalo na Petrobras para rebater as críticas do PT e defender a proposta de independência do Banco Central. Afirmou que a medida evitará que o banco estatal se converta numa "nova Petrobras" e lembrou que a própria Dilma já avalizou a ideia.

    "O Banco Central precisa ter direção própria para indicar os melhores e atingir metas fixadas pelo governo. Não pode ficar refém de indicações de Renan [Calheiros, presidente do Senado pelo PMDB-AL], como é o caso da Petrobras", disse a candidata.

    Calheiros é um dos políticos que, conforme reportagem da "Veja", foram citados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa como beneficiários de esquema de corrupção na empresa.

    Marina usou o episódio para exigir "coerência" de Dilma –mesma cobrança que sofre da petista e, sobretudo, do adversário tucano na campanha, Aécio Neves (PSDB). Afirmou que a presidente se manifestou a favor da medida num debate com José Serra (PSDB) na campanha de 2010.

    "Hoje a presidente Dilma, orientada por marqueteiros, fica agredindo e usando seu tempo na TV para desferir ataques. Mas ela mesmo foi favorável à autonomia do Banco Central. Ela precisa ser coerente com sua história, assim como eu estou sendo durante toda a campanha", disse Marina.

    Depois do evento, a candidata participou da inauguração de um comitê suprapartidário no centro de Fortaleza.

    Em discurso, homenageou Eduardo Campos, cuja morte completa um mês neste sábado (13). "Ainda lamentamos muito a perda do nosso companheiro Eduardo, mas aprendemos com ele que não se pode e nem devemos desistir do Brasil", afirmou, ecoando a frase do ex-governador de Pernambuco no "Jornal Nacional" alçada a bordão da campanha pessebista.

    A candidata continua em agenda por três Estados do Nordeste neste sábado (13). Passa por Sobral (CE), berço político dos irmãos Cid e Ciro Gomes (Pros), que apoiam Dilma, Campina Grande (PB), João Pessoa (PB) e Teresina (PI).

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