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    Após desistir de candidatura no DF, Arruda deve deixar a vida pública

    DE SÃO PAULO

    13/09/2014 19h53

    Depois de ter desistido de concorrer ao governo do Distrito Federal, o ex-governador José Roberto Arruda (PR) —que liderava as pesquisas—, fez um discurso na tarde deste sábado (13) em que disse ter desistido de concorrer ao governo porque o PT trabalhou para "ganhar no tapetão" e xingou petistas de "vagabundos".

    Arruda enfrenta uma batalha jurídica, com sucessivas derrotas, desde de 2010, quando saiu do governo preso e foi cassado. O ex-governador foi considerado ficha suja pela Justiça em razão de condenações em primeira e segunda instância por participação no esquema conhecido como "mensalão do DEM", na operação Caixa de Pandora.

    Apesar de ter sido preso e filmado recebendo dinheiro, Arruda liderava as pesquisas de intenção de voto no DF.

    No discurso, Arruda, que destacou o "amor de alma" com o povo brasiliense, classificou a decisão da Justiça de barrar sua candidatura como um "ato de iniquidade" que ameaça a democracia. Disse, ainda, que o discurso deste sábado pode ser "provavelmente o derradeiro" de sua vida pública.

    "A história hoje revela o uso de uma boa lei para fins mesquinhos. Hoje o que se vê no país é a excepcionalidade da aplicação da lei justamente no meu caso porque o PT resolveu ganhar no tapetão", afirmou.

    "A pergunta que se faz é se as leis são iguais para todos ou podem ter uma interpretação diferente de acordo com a vontade de quem está no poder", completou.

    A chapa que era de Arruda agora será liderada por Jofran Frejat (PR), ex-secretário de saúde que era seu vice. A mulher do ex-governador, Flávia Peres, que também é filiada ao PR, será a vice de Frejat.

    Agora como cabo eleitoral, Arruda não poupou o PT: "Vejam bem, petistas vagabundos, vocês vão sair correndo de Brasília".

    *

    LINHA DO TEMPO DO CASO ARRUDA

    Novembro de 2009

    • Na Operação Caixa de Pandora, PF desvenda esquema de compra de apoio na Câmara Legislativa do Distrito Federal. O mensalão do DEM havia sido montado para favorecer Arruda, então governador

    Novembro e dezembro de 2009

    • Cenas de corrução explícita, filmadas por câmeras escondidas, atingem imagem de Arruda. Em uma, ele aparece recebendo um maço de notas com R$ 50 mil. Disse que o dinheiro era para a compra de panetones. Outro vídeo mostra um aliado do governador colocando dinheiro na meia. Uma terceira gravação mostra um empresário pondo dinheiro na cueca

    Dezembro de 2009

    • Arruda anuncia sua desfiliação do DEM um dia antes de uma reunião do partido que deveria expulsá-lo. Ele havia tentado, sem sucesso, evitar a reunião na Justiça

    Fevereiro de 2010

    • Suposto emissário de Arruda é preso ao oferecer R$ 200 mil de suborno a uma testemunha, para que ela favorecesse o governador no julgamento do Mensalão do DEM

    De fevereiro a abril de 2010

    • Passa dois meses preso preventivamente na Superintendência da Policia Federal. É o primeiro governador a ser detido por corrupção durante o mandato

    Março de 2010

    • É cassado pela Justiça Eleitoral por desfiliação partidária e desiste de recorrer da decisão do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) que lhe tirou o mandato

    Dezembro de 2013

    • Arruda é condenado em primeira instância por improbidade administrativa no caso do mensalão, na 2ª Vara da Fazenda Pública do DF. É sentenciado a pagar R$ 1,1 milhão de multa, entre ressarcimento e danos morais

    Fevereiro de 2014

    • Arruda é condenado por improbidade administrativa em outra ação, por irregularidades no jogo de reinauguração de um estádio, em 2008. Um amistoso entre Brasil e Portugal custou R$ 9 milhões aos cofres do governo, e não houve licitação

    Junho de 2014

    • O TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios) marca para o dia 25 o julgamento do recurso apresentado por Arruda, contra a condenação do Mensalão do DEM. Se a condenação fosse mantida, a decisão de segunda instância o tornaria inelegível, de acordo com a Lei da Ficha Limpa
    • Um dia antes da sessão, o ministro Napoleão Nunes Maia Filho, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), suspende o julgamento. A imparcialidade do juiz que condenou Arruda em primeira instância estava sendo questionada, e Nunes Maia entendeu que esse caso deveria ser julgado antes
    • Candidatura de Arruda ao governo do DF é confirmada pela chapa encabeçada pelo PR

    Julho 2014

    • Com o julgamento suspenso, Arruda consegue registrar sua candidatura ao governo do DF até o fim do prazo, no dia 5. Sua coligação é composta por PRTB, PR, PTB, PMN e DEM
    • Joaquim Barbosa, ainda na posição de presidente do STF, manda julgar o recurso de Arruda, que dependendo do desfecho, faria com que ele fosse inelegível. As diretorias nacionais do DEM e do PPS mandam os diretórios do DF retirar apoio do candidato
    • Arruda é condenado em segunda instância por improbidade administrativa no caso do mensalão do DEM, pelo TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios). Com isso, passa a ser ficha suja. Surge a dúvida se sua candidatura às eleições deste ano deve ser mantida, já que a condenação ocorreu quatro dias depois do registro dos candidatos na Justiça Eleitoral.

    Agosto 2014

    • O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mantém a candidatura barrada. O advogado de Arruda, José Eduardo Alckmin, diz que irá recorrer. Ainda cabem recursos para o próprio TSE e para o STF (Supremo Tribunal Federal)

    Setembro 2014

    • Ministério Público Eleitoral pede à Justiça que mantenha barrada a candidatura de Arruda
    • Em sessão do TSE, o Gilmar Mendes pede vistas do processo e adia o julgamento. O pedido foi feito logo após o relator do processo, ministro Henrique Neves, ter defender que a candidatura continue barrada pela Lei da Ficha Limpa
    • Arruda lidera corrida eleitoral no DF, segundo o Datafolha, com 37% das intenções de voto. O segundo colocado, governador Agnelo Queiroz (PT), tem 19%

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