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    Em campanha no RN, presidente da Câmara quer dar a 'fatura' a quem já ajudou

    DANIEL CARVALHO
    ENVIADO ESPECIAL AO RIO GRANDE DO NORTE

    15/09/2014 02h00

    Atual presidente da Câmara e deputado há 44 anos, Henrique Eduardo Alves (PMDB) toca sua campanha ao governo do Rio Grande do Norte com a ajuda de grandes bancos e empreiteiras e de uma mega coligação que reúne 17 partidos.

    Para convencer os eleitores potiguares, vende o prestígio nacional que acumulou nas últimas décadas no Congresso e afirma que, se for eleito, apresentará a fatura a todos aqueles que já ajudou em Brasília.

    Segundo repete a cada comício no interior do Estado, não há ministro, presidente da República e até gente do Judiciário "que não tenha batido às portas" de seu gabinete e ele "não tenha aberto as portas e oferecido as mãos".

    "Eu que já fiz pelos municípios, eu que já ajudei os governos de Estado, eu que ajudei este Brasil. A partir de janeiro, se preparem todos eles do Executivo, do Legislativo, do Judiciário, presidente, ministro, deputados, senadores: quem vai bater à porta deles sou eu", esbraveja, rouco, ao microfone.

    O candidato tem feito uma grande maratona pelo interior. Nos últimos quatro dias, esteve em 13 municípios, rodando um total de 1.420 km.

    A Folha acompanhou parte desses eventos no final da semana passada. É basicamente nesses atos que a campanha se faz perceber, já que não há tantos muros pintados e cavaletes espalhados como acontece em outros Estados nordestinos. São distribuídos santinhos, cartazes e adesivos. Moradores locais recebem entre R$ 10 e R$ 20 para segurar bandeiras.

    No interior, os comícios se tornam a atração do dia. A população chega cedo e fica horas bebendo e ouvindo jingles de campanha em ritmo de axé e sertanejo tocados em volume máximo por carros com caixas de som que mais parecem armários de tão grandes, os "paredões".

    A "festa" tem direito até a veículos que fazem iluminação de balada. Vendedores ambulantes comercializam bebida alcoólica. Quando o foguetório dispara dando início ao ato, no mínimo uma hora depois do horário marcado, muitos eleitores seguem o "papamóvel" em que desfila o candidato como se fosse um trio elétrico em festa de Carnaval.

    GRANDES DOADORES

    Hoje o mais proeminente nome do clã Alves declarou R$ 40 milhões como estimativa de gasto para se eleger. O valor representa mais que o dobro daquele previsto por seu principal adversário, Robinson Faria (PSD), a quem faz questão de apresentar na TV como o vice da atual e impopular governadora, Rosalba Ciarlini (DEM), que não declarou apoio a nenhum dos dois candidatos.

    Faria aparece em segundo nas pesquisas de intenção de voto realizadas no Estado.

    A cifra ambiciosa, porém, ficou só no plano da utopia. Até agora, a campanha arrecadou R$ 7,1 milhões, com doadores como os bancos Itaú (R$ 300 mil) e BTG Pactual (R$ 300 mil) e as construtoras OAS (R$ 150 mil) e Queiroz Galvão (R$ 1 milhão).

    Essas duas últimas, junto com a Andrade Gutierrez, doaram um total de R$ 5,6 milhões ao PMDB local, presidido por Alves.

    A arrecadação dele é bem mais vultosa que a de seu adversário, que, apesar de ter gastado até mais que o peemedebista (foram R$ 7,7 milhões de Faria ante R$ 7,1 milhões de Alves), acumulou apenas R$ 1,6 milhão, com doadores como Itaú (R$ 150 mil) e JBS (R$ 1 milhão).

    'CALÚNIAS'

    Na TV, Robinson Faria gasta a maior parte de seus 6 minutos e 33 segundos com ataques a Alves.

    "Digite no Google o nome do seu candidato seguido palavra 'escândalos'. Você vai ver que Robinson não está envolvido em nenhum escândalo. E vai ver também a verdade sobre o candidato do 'acordão'", diz o apresentador em alusão à chapa de Alves que inclui adversários históricos, como a família Maia.

    Um dos episódios mais explorados é o do suposto envolvimento de Henrique Alves em esquema de corrupção na Petrobras. O nome do peemedebista foi citado pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa em delação premiada à Polícia Federal.

    O presidente da Câmara nega irregularidades e rebate as críticas em parte de seus 9 minutos e 18 segundos na TV.

    Além disso, ele e a família controlam os principais veículos de comunicação do RN.

    A população carente parece aceitar a justificativa dada por Alves do alto de seu "papamóvel", veículo/palanque no qual faz suas "caminhadas" e falas. Ele reitera que é vítima de uma campanha de "baixaria, calúnias e mentiras".

    "O povo está comentando [as denúncias], mas Robinson não tem prova, então ninguém se incomoda com isso", disse o ajudante de pedreiro Flávio Ricardo da Silva, 26, em Espírito Santo, no agreste do Estado, quando questionado sobre a denúncia envolvendo a Petrobras.

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