A Justiça federal decidiu soltar o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, laranja do doleiro Alberto Youssef em uma empresa no Brasil e duas nos Estados Unidos, após ele ter feito um acordo de delação premiada com procuradores, no qual prometeu contar o que sabe em troca de uma pena menor.
Ele ficou preso durante seis meses. O juiz federal Sergio Moro decidiu soltá-lo na última sexta-feira (12).
Pereira da Costa fez uma série de revelações para procuradores da força-tarefa que acompanha a Operação Lava Jato, entre as quais a de que o doleiro deu de presente um helicóptero para o deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA) no valor de R$ 796 mil. Foi ele também que contou que o banco americano Merrill Lynch ajudou a internar US$ 3,5 milhões que Youssef mantinha ilegalmente nos Estados Unidos por meio da simulação de um empréstimo em 2008.
As duas informações do advogado foram reveladas pela Folha na última semana.
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O helicóptero Robinson comprado em 2013 por uma empresa controlada pelo doleiro Alberto Youssef |
Pereira da Costa foi preso em 17 de março pela Operação Lava Jato, sob acusação de integrar uma quadrilha liderada pelo doleiro, a qual seria responsável pela lavagem de R$ 10 bilhões.
Ele afirmou na delação que uma série de contratos de consultoria entre grandes empreiteiras e empresas de fachada do doleiro eram falsos —só serviam para "justificar o ingresso de recurso" nessas empresas.
"A GFD não prestava esses serviços", disse, referindo-se a uma empresa do doleiro da qual ele era representante e assinava todos os documentos.
A Polícia Federal e os procuradores sustentam que os contratos de consultoria do doleiro era uma forma de ele receber legalmente recursos das empreiteiras que depois foram usados para o pagamento de propina.
Ele citou o nomes das empresas Mendes Junior, UTC Constran e Sanko Sider entre as que assinaram contratos de consultoria que nunca foram prestados. As empresas negam que tenham assinados contratos falsos e dizem respeitar a legislação.
Ele contou aos procuradores que o doleiro cuidou da lavagem da propina paga ao deputado federal José Janene (PP-PR) no mensalão. Janene, morto em 2010, foi investigado sob suspeita de ter recebido R 4,1 milhões do esquema do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, dos quais R$ 618 mil foram lavados por Youssef, ainda de acordo com denúncia do Ministério Público já aceita pela Justiça.