A cúpula da campanha de Marina Silva (PSB) à Presidência da República convidou o cineasta Fernando Meirelles para ajudar na elaboração e produção dos programas de TV da candidata no segundo turno das eleições.

Diretor de "Cidade de Deus" (2002), Meirelles havia participado de algumas reuniões da equipe de comunicação de Marina em julho. Ele voltou a ser procurado agora para colaborar com a nova narrativa da propaganda.

A campanha do PSB está traçando o discurso que será adotado na TV após 5 de outubro. A maior preocupação é com o tempo. Hoje, Marina tem cerca de dois minutos para apresentar suas propostas no palanque eletrônico.

Caso dispute o segundo turno, a pessebista terá direito a dez minutos do horário eleitoral gratuito, o mesmo que seu eventual adversário.

Meirelles confirmou o convite à Folha, mas disse que, devido a gravações de um seriado até 19 de outubro, não poderia se comprometer diretamente com a campanha.

Interlocutores de Marina afirmam, porém, que o cineasta irá prestar uma consultoria informal para a equipe comandada pelo argentino Diego Brandy, responsável pelos programas de TV.

Em 2010, quando foi candidata ao Planalto pelo PV, Marina contou com o apoio de Meirelles, que dirigiu uma de suas peças na TV, com pouco mais de um minuto.

A presidente Dilma Rousseff (PT), principal adversária de Marina, tem hoje cerca de 11 minutos na TV e, desde que a ex-senadora deslanchou nas pesquisas e apareceu como a única capaz de vencer Dilma no segundo turno, a propaganda petista tem focado as críticas e ataques às propostas do PSB.

Nesta segunda-feira (15), Marina se reuniu com artistas em evento no centro de São Paulo. Meirelles foi um dos principais convidados e, em seu rápido discurso, pediu que a candidata não altere a atual política para o setor audiovisual no Brasil.

O diretor disse à Folha que seu apoio à pessebista se deve ao "programa de desenvolvimento sustentável" e às propostas "para a educação".

	Eduardo Knapp/Folhapress
	Marina Silva escuta discurso do cineasta Fernando Meireles ao lado rapper XIS durante encontro com a comunidade cultural de varias regiões na Casa das Caldeiras, em São Paulo

ATAQUES DO PT

Em discurso aos artistas, Marina criticou os ataques da campanha do PT à sua candidatura e disse que "desconfia" que Dilma "não se sente confortável" com "o que está dizendo" a seu respeito.

Segundo a candidata, a presidente é orientada por "um marqueteiro", que pede a ela para "dizer assim".

Marina voltou a dizer que "uma estrutura muito poderosa" tem sido usada para combatê-la. "Porque chegar no interior da Bahia e ouvir vai acabar com o Mais Médicos, vai acabar com o Minha Casa, Minha Vida, vai acabar com o Bolsa Família [...] vai acabar com o pré-sal'. Isso é um ser humano? Só se fosse o Exterminador do Futuro".

No evento, a presidenciável ouviu mais de 20 representantes de classes artísticas que expuseram suas demandas à candidata. Além de Meirelles, estavam presentes o rapper Xis e o cantor Dinho Ouro Preto. Marina defendeu a ampliação de gastos para a Cultura, mas não citou qual seria o percentual do orçamento destinado à área.

"Me foi perguntado se iríamos fazer os 2% [do orçamento do governo federal] para a cultura. A nossa escolha foi dizer que vamos ampliar progressivamente os recursos e não colocamos o porcentual", afirmou a candidata do PSB em seu discurso de cerca de 40 minutos.