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    Filhos de políticos famosos têm suporte empresarial na campanha

    FABIO BRISOLLA
    DE DO RIO

    19/09/2014 02h00

    "Votar em Pezão é votar no Cabral de novo. É votar em um governo que massacra os pobres e trabalhadores", discursa Clarissa Garotinho no meio do calçadão de Bangu, bairro da zona oeste carioca.

    "Eleger Garotinho seria um retrocesso. Ele deixou o caos na segurança pública do Rio", afirma Marco Antônio Cabral durante caminhada em Campo Grande, bairro na mesma região da cidade.

    Marco Antônio, 23, é filho de Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio e inimigo declarado do pai de Clarissa, 32, o também ex-governador Anthony Garotinho (PR).

    Os dois herdeiros de antigos aliados disputam pela primeira vez o cargo de deputado federal. São duas campanhas com proporções que remetem a uma disputa ao governo do Estado. São apontados em seus partidos como prováveis puxadores de voto.

    Amparada pela influência política do pai, a campanha de Marco Antônio está em mais de 60 dos 92 municípios do Estado. Ela pode custar até R$ 6 milhões, segundo a previsão enviada ao TSE.

    Ilan Pellenberg/Frame/Folhapress
    Garotinho com a filha Clarissa Garotinho (PR-RJ)
    Garotinho com a filha Clarissa Garotinho (PR-RJ)

    Na prestação de contas parcial, ele já informou ter gasto R$ 1,5 milhão. Figuram entre os principais doadores: JBS (R$ 330 mil), a construtora Carvalho Hosken (R$ 250 mil) e Itaú Unibanco (R$ 100 mil). "Fico feliz de saber que as pessoas acreditam na minha campanha", diz, sobre o apoio de grandes empresas.

    Clarissa estima ter propaganda em aproximadamente 50 municípios, concentrados na região metropolitana e próximo a Campos dos Goytacazes (cidade do norte fluminense), onde ela nasceu e a mãe, Rosinha, é prefeita.

    Ela informou ao TSE que sua campanha pode custar até R$ 3 milhões. Já declarou um gasto de R$ 662 mi na prestação de contas parcial.

    Quase 70% deste total vêm de quatro construtoras: OAS (R$ 200 mil), Carioca Engenharia (R$ 100 mil), Queiroz Galvão (R$ 100 mil) e EMEC Obras e Serviços (R$ 50 mil).

    "São doações intermediadas pelo meu partido. Eu mesma nunca tive contato com essas empresas", diz a candidata, que disputou e venceu sua primeira eleição em 2008 para a Câmara Municipal. Dois anos depois, chegou a deputada estadual.

    Se o eleitor é jovem, Clarissa cumprimenta de forma descontraída batendo primeiro com a palma da mão e, depois, com a mão fechada. Os idosos, ela cerca com abraços seguido por beijos na testa. No calçadão de Bangu, é abordada por uma senhora que critica o governo Garotinho e defende a gestão Cabral.

    Formada em jornalismo pela Faculdades Integradas Helio Alonso e aluna de administração pública da FGV, Clarissa argumenta, cita feitos do governo do pai e enumera falhas do período de Cabral. Ao fim de cinco minutos, a senhora sai sorridente prometendo votar ao menos em Clarissa.

    Clarissa atende a uma ligação do pai durante a entrevista à Folha. "Nos falamos todo dia." Afirma que, apesar da proximidade e das agendas em comum na campanha, tenta organizar sua estratégia da maneira independente.

    Ex-aluno do Santo Inácio (tradicional colégio particular do Rio) e estudante de direito da PUC-RJ, Marco Antônio tem semelhança física com o pai –de quem repete entonação de voz e gesto, como o hábito de olhar fixamente para seu interlocutor.

    Após deixar o governo com má avaliação, o pai aparece pouco no material de campanha e só esteve em três agendas no interior. A estratégia seria Cabral aparecer só na reta final. No entanto, o estilo político do ex-governador é uma referência para o jovem candidato.

    "Herdei do meu pai essa capacidade de agregar pessoas em torno de um projeto, de uma candidatura. Acho que isso é bem importante na política", pondera.

    "Sempre que ia ao gabinete do Cabral, o Marco estava por lá. Ele conhece pessoalmente todos os prefeitos, todos os assuntos ligados ao governo", diz Cidinha Campos (PDT), candidata à reeleição e ex-secretária de Promoção e Defesa dos Direitos do Consumidor de Cabral.

    Cidinha é uma das parceiras regionais de Marco Antônio, que paga os custos das placas de propaganda onde os dois aparecem juntos. O filho de Cabral evita falar sobre sua concorrente. "Não tenho informações sobre o mandato dela. Não tenho o que falar sobre ela."

    Clarissa aponta uma diferença. "Eu entrei na política na adversidade. Ele está entrando na política na facilidade. Marco Antônio Cabral vai se eleger com o partido no governo e o apoio de mais da metade dos deputados da atual Assembleia", avalia a filha de Garotinho.

    Em comum entre Marco e Clarissa, o sonho de disputar um cargo executivo. "Quero um dia ser candidata a prefeita", afirma Clarissa. "Vamos aguardar o que a vida vai me proporcionar", diz Marco Antônio.

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