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    Partido não terá prioridade para indicar cargos, diz Skaf

    ALEXANDRE ARAGÃO
    DE SÃO PAULO

    21/09/2014 02h00

    Candidato ao governo paulista pelo PMDB, Paulo Skaf não tem experiência em cargos públicos -e usa isso para se dizer parte da "nova política". "A característica da velha política é a incoerência total", disse em entrevista na quinta (18), em seu comitê.

    O candidato diz que, se eleito, não dará cargos a seu partido por indicação política, para "separar política e gestão".

    Adversários o atacam por ter se aliado a figuras que seriam da "velha política", como o ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho (PMDB) e os ex-prefeitos Paulo Maluf (PP) e Gilberto Kassab (PSD).

    *

    Folha - Peemedebistas reclamam que a campanha do sr. é composta em maioria por pessoas ligadas à Fiesp. O que o sr. acha desse discurso?
    Paulo Skaf - O dia a dia da campanha é uma correria. É possível que eu deixe de dar alguma atenção, até algum carinho, para companheiros. Você precisa pensar no todo.

    Agora, sempre falei para o PMDB e para os partidos que é preciso separar política e gestão. Política é política, gestão é gestão. Na gestão, as pessoas bem preparadas têm que ocupar cargos.

    O sr. disse que votará em Michel Temer, vice de Dilma, para presidente. O sr. foi orientado a usar essa resposta?
    Não sou programado por outros, tenho minha própria personalidade e luto pelo que acredito, com energia. Não falo o que eu não acredito, não minto. Até marqueteiros têm problemas comigo.
    No meu governo não vai ter cargos ocupados por indicação política. Questões de nomes, qualquer pessoa que tenha boas opções pode sugerir. Mas os cargos que eu vou nomear são pessoas que têm confiança, currículo de vida honesta e competência.

    O terceiro colocado na disputa, Alexandre Padilha (PT), oscilou positivamente. O crescimento dele é bom, porque aumenta chances de 2º turno?
    Não torço para crescimento de nenhum adversário. Torço para o crescimento nosso. Tem um provérbio que diz que eleição e mineração é só depois da apuração. Vamos saber mesmo o resultado no dia 5 de outubro.

    Alckmin fez uma propaganda que liga o sr. a Fleury, Kassab e Maluf. O sr. disse que Fleury não é coordenador da campanha. Qual é o cargo dele?
    Ele coordena a coligação, papel de relacionamento político. A coordenação da minha campanha, desde o início falo, é feita por mim. Não tem um coordenador-geral. Esse é meu estilo, entende?

    Em 2010, o sr. disse à Folha, sobre mensalidades na USP: "Não é possível ter estudo de graça para quem não precisa e ter falta de recursos para fazer uma reestruturação da educação". Mudou de posição?
    Não mudei. O que eu falei, ainda penso: alguém que estudou em escola particular, se formou médico na USP com a oportunidade de estudar de graça, poderia dar algum retorno. O que custaria dar contrapartida -aí está escrito contrapartida, não está?

    Não.
    Mas na época o que eu discutia era isso. Por que um recém-formado não poderia fazer trabalho voluntário por um ano e devolver para a sociedade o que recebeu gratuitamente de escolas superiores? Era essa a discussão.

    O sr. acha que os adversários, ao questionarem sobre mensalidade no Sesi...
    Não tem mensalidade no Sesi, tem uma taxa. Sabe qual é a diferença? No ensino fundamental, mensalidade é quando você tem matrícula e 12 pagamentos. Quem estuda em período integral, numa escola nova, o dia inteiro, com esporte, cultura, três refeições, paga R$ 1.590.

    Dividido por 12 meses, pra fazer uma comparação, dá uma mensalidade de mais ou menos R$ 130. Mal cobre o custo da refeição. É apenas para aqueles que podem.

    O sr. disse que nenhuma criança deixou de estudar por causa da taxa. O Sesi já adotou medidas permitidas por lei em relação a inadimplentes?
    Não tenho conhecimento. Pode aparecer uma exceção, um pai. Essa discussão em véspera de eleição não é saudável, porque fiquei dez anos implantando o sistema no Sesi. Em dez anos, ninguém reclamou, estava tudo maravilha. Agora, quando está a algumas semanas da eleição, e a bruxa solta querendo achar maldade para todo lado, aí vai ser procurar coisa.

    Eu sinceramente não creio que exista casos de alunos nossos que estão estudando, e a família passe por dificuldade não seja entendido pelo Sesi. Agora, nós temos milhares de alunos. A prioridade é a educação das crianças, não a cobrança de taxas.

    O sr. diz que fará um plano de dez anos para implantar educação em tempo integral em toda a rede estadual. Como pode garantir que, após um possível primeiro mandato, os outros seis anos de planejamento sejam cumpridos?
    Em 2015, a gente começa as primeiras adaptações e reformas. A escola tem que estar limpa, ter área esportiva ou convênio com áreas esportivas próximas. A partir de 2016 a gente inicia a implantação. Até o último ano do mandato, 2018, pretendemos ter 480 mil alunos matriculados em tempo integral e sem aprovação automática.

    Não vai ter como segurar. A partir de 2019, qualquer que seja o governador, ele vai entrar e pegar uma coisa mastigada, planejada, projetada. Ninguém mais volta atrás.

    É garantido que até 2024 isso aconteça.

    No início deste ano a Justiça considerou que os vídeos institucionais da Fiesp em que o sr. aparecia eram propaganda eleitoral antecipada. O sr. considera que houve uso da máquina da instituição para fins eleitorais?
    Primeiro, a Justiça Eleitoral não considerou isso. Por cinco votos a um considerou que não foi propaganda antecipada. [O TRE concedeu decisão provisória dando conta de que os vídeos da Fiesp em que Skaf aparecia eram ilegais.] Liminar não é decisão da Justiça; decisão da Justiça é no tribunal. Lógico que eu não considero que tenha nada a ver as campanhas.

    A Fiesp não faz propaganda, faz campanhas. A campanha da Fiesp para baixar a conta de luz. Resultado: baixou em 20% a conta de luz de todo mundo em todo o Estado. A campanha da Fiesp pelo fim da CPMF, conseguiu sensibilizar o Senado em acabar com o imposto do cheque. É bom lembrar que as campanhas foram aprovadas por unanimidade pela diretoria e pelos conselhos respectivos. Não é uma campanha que o presidente decide e faz, não.

    Em várias reuniões com representantes da PM o sr. defendeu que o policial seja mais valorizado, por exemplo, com aumento salarial. Esse aumento de gasto com custeio significa, necessariamente, corte em investimento?
    Pelo contrário. Quem cortou investimento foi o atual governo. Em termos reais, o investimento em segurança pública caiu aproximadamente 30% entre 2010 e 2013. Se você pegar os valores investidos, atualizados, em 2010 era algo em torno de R$ 600 milhões e em 2012 e 2013 foi algo em torno de R$ 400 milhões.

    Na realidade, esse governo, sim, é que não priorizou a segurança pública e reduziu em 30% os investimentos. Eu não vou reduzir os investimentos, pelo contrário -vou priorizar os investimentos na área de segurança, assim como na educação e na saúde. O Orçamento do Estado de São Paulo, sendo bem administrado, sobra valor para investimentos.

    O sr. prometeu equipar melhor as equipes das polícias Civil e Militar, com tablets e câmeras nos policiais, por exemplo. Em 2012, o governo paulista comprou cerca de 12 mil tablets por R$ 25 milhões. O sr. considera esses equipamentos obsoletos? Eles seriam descartados?
    O problema é que essa compra, e esses tablets que foram comprados, não atingem o objetivo maior de acabar com a burocracia. São utilizados para identificação de placas e para a verificação de RGs, mas não cumprem o que seria mais importante, que é a possibilidade de o policial militar, quando tem uma ocorrência na rua, através desse tablet passar o relatório da ocorrência à Polícia Civil.

    Na verdade, a utilização é limitada, e também na época já foi comprada alguma coisa defasada, poderia ter sido comprado mais moderno. O que puder ser aproveitado, se aproveita. O que precisar ser modernizado, se moderniza. Ninguém vai desperdiçar, jogar nada fora que pode ser aproveitado, e ninguém vai deixar de usar modernidade e inovação que atinja o objetivo. O mais importante não é dizer que comprou tablets, talvez essa era a preocupação deles, enfeitar a viatura com o tablet.

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