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    Análise: Adversárias são herdeiras dos filhos da inclusão da gestão Lula

    MAURO PAULINO
    DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
    ALESSANDRO JANONI
    DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA

    21/09/2014 02h00

    A prioridade a políticas públicas de assistência social ao longo dos 12 anos de gestão petista explica o forte apoio à reeleição de Dilma Rousseff nas classes mais baixas.

    No caminho oposto, o desgaste na economia e a tendência à direita tornam compreensível o bom desempenho da oposição, especialmente de Aécio Neves, nas classes mais altas.

    Fica a dúvida: o que explicaria então a força de Marina no segmento que mais cresceu nesse período, originário dos estratos mais carentes e composto, pelos principais beneficiários do lulismo: a classe média-intermediária?

    A hipótese mais provável é a de que o eleitor evoluiu, mas as instituições que o representam e os serviços que deveriam atendê-los não.

    Até aqui, nenhuma novidade. O ponto que ainda merece atenção, porém, é o verdadeiro catalisador da inclusão –a escolaridade.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Para entender melhor as mudanças, em 2011, o Datafolha selecionou as variáveis de maior correlação com estratificações socioeconômicas e as combinou em uma análise estatística para segmentar a população. Chegou-se a cinco classes homogêneas internamente, mas heterogêneas entre si. Depois, testou qual das variáveis – classificação por itens conforto, grau de escolaridade ou renda– melhor explicava a hierarquia dos segmentos. Uma análise descriminante revelou a escolaridade dos entrevistados como resposta.

    Para ilustrar a conclusão, há o diagnóstico de que nos últimos 12 anos, o nível superior entre os eleitores mais do que dobrou, a escolaridade média cresceu dez pontos e o fundamental caiu quase 20 pontos percentuais.

    Mas virou lugar-comum denominar "nova classe média" uma parcela da população que emergiu em função do consumo e do acesso a crediários. Chamá-la de "nova" já é inadequado. O conjunto já existia, era cidadão antes de ser descoberto como consumidor. A classe média-intermediária correspondia a 17% dos brasileiros no último ano do governo FHC, subiu para 27% no de Lula e chega agora a 32% no final da gestão Dilma.

    Nesse mesmo período, os excluídos caíram de 32% para 27% e a classe média-baixa de 22% para 14%.

    Com mais instrução, mais acesso à informação, o eleitor fica mais crítico, seletivo e paciente nas decisões. O debate se abre para novos temas. Há alguns anos seria impensável uma disputa presidencial pautada pela independência do Banco Central.

    Mas ainda há muito que se adaptar no discurso político. Com tal perfil de eleitor, a participação da sociedade no papel da universidade pública, por exemplo, é assunto urgente. Ninguém melhor do que duas filhas do lulismo para dividir os filhos da inclusão. As coisas parecem não estar mais tão bem "da porta para dentro de casa".

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