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    Disputa Dilma-Marina é bem mais dura na classe média intermediária

    RICARDO MENDONÇA
    DE SÃO PAULO

    21/09/2014 02h00

    É no interior de uma neopreponderante classe média intermediária –a turma bem do meio na escala social– que a briga entre Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) aparece mais acirrada.

    Preponderante porque diz respeito a um exército de eleitores que representa um terço do eleitorado (32%), o maior agrupamento numa escala com cinco subdivisões (dos excluídos à classe alta).

    Neo porque o gigantismo desse contingente (pessoas que estão exatamente entre a classe média alta e a classe média baixa) quase dobrou de tamanho desde 2002, o ano em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceu sua primeira eleição.

    E acirrada porque é o único grupo da escala social em que há empate técnico entre as duas concorrentes mais competitivas no atual cenário da corrida pela Presidência.

    Editoria de Arte/Folhapress

    No teste de primeiro turno, Dilma tem 35% entre esses eleitores; Marina, 33%. No segundo turno há uma inversão. Marina aparece com uma vantagem um pouco além da margem de erro, que é de dois pontos. A pessebista vai a 49%, a petista atinge 41%.

    Essas constatações foram feitas pelo Datafolha, que, com base nos resultados de suas pesquisas, mesclou dados sobre escolaridade, renda e posse de bens para medir o tamanho exato de cada grupo na escala social (leia sobre o método ao lado).

    Outro dado que chama a atenção no estudo é o aumento escalonado das intenções de voto em Dilma conforme diminui a classe social do eleitor. Uma escadinha.

    Na classe alta, ela tem só 19% das intenções de voto. Sobe para 27% na classe média alta. Vai a 35% na intermediária, 40% na classe média baixa e atinge seu recorde, 49%, entre os excluídos.

    Com Marina e o senador Aécio Neves (PSDB) ocorre exatamente o oposto: eles crescem conforme melhora a condição social do eleitor (confira no primeiro gráfico).

    Ao aplicar os mesmos critérios para definição de classes em resultados de pesquisas de anos anteriores, é possível enxergar com nitidez a dimensão das transformações sociais ocorridas nos últimos anos.

    Além do agigantamento da classe média intermediária, constata-se que o grupo dos excluídos deixou de ser o maior, embora continue grande. Caiu de 33% para 27%.

    E a classe média baixa minguou, de 23% para 13%. Parte grande de seus antigos representantes evoluíram para o ponto intermediário.

    Com isso, a clássica ideia de pirâmide social –um modelo em que a base era o maior grupo e os demais segmentos ficavam menores conforme evoluíam– foi detonada.

    O formato, hoje, não é nada regular. Parece mais sofisticado e menos injusto.

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