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    Líder entre os mais pobres, Garotinho é investigado por clientelismo

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO

    23/09/2014 11h52

    Com larga vantagem entre os eleitores mais pobres na disputa pelo governo do Rio, o deputado Anthony Garotinho (PR) é investigado por abuso de poder econômico e compra de votos com práticas clientelistas.

    A fiscalização do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e a Procuradoria Regional Eleitoral vinculam o candidato a distribuição de enxovais, fraldas, cestas básicas e eletrodomésticos durante a pré-campanha e mesmo após julho, início da corrida eleitoral.

    Há suspeita ainda de uso da Prefeitura de Campos (RJ), comandada por sua mulher, Rosinha Matheus (PR), em seu benefício.

    O tribunal fechou um centro social vinculado ao candidato, pediu a interrupção de distribuição de brindes em seu programa de rádio e analisa listas de entregas de cestas básicas em favelas do Rio e de Campos. A procuradoria pediu nesta quinta-feira (18) a inelegibilidade do candidato em razão da distribuição de enxovais.

    Garotinho nega objetivos eleitorais com as iniciativas, que afirma promover há mais de 20 anos.

    Líder nas pesquisas de intenção de voto com 25%, empatado com o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), Garotinho tem melhor desempenho entre o eleitorado mais pobre (33%), com baixa escolaridade (35%) e do interior do Estado (35%). A faixa do eleitorado é semelhante aos beneficiários das ações investigadas pelo TRE.

    Em agosto, a Justiça Eleitoral lacrou o Centro Cultural Anthony Garotinho que funcionava em Campos. Os fiscais encontraram no local enxovais para recém-nascidos, fraldas e um cadastro de gestantes. Junto ao material, havia cartões de Garotinho confeccionados pela Câmara dos Deputados.

    De acordo com a procuradoria, havia entregas previstas para agosto e setembro, durante a campanha eleitoral. "Esses cadastros exemplificam mais uma evidência do abuso de poder político e econômico e da compra de votos", diz a procuradoria.

    Erbs Jr./Frame/Folhapress
    Candidato a governador, Anthony Garotinho, faz campanha pela comunidade do Turano, na Tijuca e visita escola técnica reaberta em seu governo, nesta sexta-feira (15). Garotinho estava acompanhado do mestre de bateria da Unidos da Tijuca Casagrande e de sua filha canidata à deputada Clarisa Garotinho Foto: ERBS JR./Frame ORG XMIT: ERBS JR./FRAME *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    Candidato a governador, Anthony Garotinho, durante campanha pela comunidade do Turano, na Tijuca

    No Complexo da Maré (zona norte da capital), o tribunal encontrou numa associação de moradores listas de entrega de cesta básica junto a material de campanha do ex-governador.

    Antes do início da campanha, Garotinho comandava um programa na rádio Manchete em que distribuía eletrodomésticos a ouvintes.

    De acordo com decisão da juíza eleitoral Daniela Assumpção, coordenadora da fiscalização de propaganda, em apenas dois dias foram distribuídos bens no valor total de ao menos R$ 55 mil.

    "É verdadeiramente assustador sob o aspecto do gasto de dinheiro para dar conta dessa quantidade gigantesca de 'brindes'. O programa não possui patrocinadores", escreveu a magistrada.

    O TRE identificou também vínculos entre as ações clientelistas, a campanha de Garotinho e a Prefeitura de Campos. No centro de Garotinho, fiscais encontraram guias de encaminhamento da Secretaria Municipal da Família e Assistência Social de Campos assinadas por uma servidora municipal.

    O tribunal também fez apreensões de materiais de campanha em empreiteiras com contratos com a prefeitura.

    OUTRO LADO

    O deputado Anthony Garotinho (PR) negou irregularidades na distribuição de bens para pessoas pobres em todo o Estado do Rio. Ele afirma que respeitou a lei eleitoral ao interromper as ações durante a campanha.

    De acordo com o deputado, as ações são feitas há mais de 20 anos sem cunho eleitoral.

    Segundo Garotinho, o Centro Cultural Anthony Garotinho, fechado pela Justiça Eleitoral, não faz distribuição de enxovais. O deputado afirma que o benefício é feito pela instituição Obra do Berço, que mantém há 25 anos. Ele diz que a entrega foi suspensa em junho, em razão da lei eleitoral.

    "O que houve foi um descuido da pessoa que cuida da Obra do Berço, que já faço há 25 anos, doando enxoval a gestantes, em guardar esse material equivocadamente no Centro Cultural", afirmou o deputado.

    Em relação à distribuição de eletrodomésticos pelo programa "Fala, Garotinho", o deputado disse que a prática existe há mais de 30 anos. De acordo com ele, não há ilegalidade na prática fora do período eleitoral.

    "Sortear prêmios fora do período eleitoral, como sempre fiz, não é ilegal, muitos outros radialistas também fazem. Sou radialista e apresento um programa com sorteio de brindes há mais de 30 anos, e parei a apresentação do programa conforme determina a lei assim que meu nome foi homologado na convenção", disse ele.

    O deputado afirmou que a entrega de cestas básicas é feita pela associação de moradores da Maré e não tem vínculo com a campanha.

    A Prefeitura de Campos não se pronunciou até a conclusão desta edição.

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