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    Lula nega ter sido chamado pela PF para falar sobre mensalão

    MÁRCIO FALCÃO
    ENVIADO A MAUÁ E SANTO ANDRÉ

    24/09/2014 19h52

    O ex-presidente Lula negou na noite desta quarta-feira (24) que tenha sido convidado pela Polícia Federal para prestar esclarecimentos sobre as investigações instauradas a partir de novos depoimentos dados em 2012 pelo operador condenado do mensalão, o empresário Marcos Valério de Souza.

    "Nunca fui convidado, notificado, nem pela Polícia Federal, nem pelos meus advogados", afirmou após ato de campanha ao lado do candidato ao governo de São Paulo pelo PT, Alexandre Padilha, em Santo André, no ABC paulista.

    "O dia que me intimarem, notificarem que tenho que prestar depoimento, eu vou prestar depoimento. Não tenho nenhum problema", disse o ex-presidente, que criticou o interesse da imprensa pelo assunto e apontou objetivos eleitorais nas perguntas feitas pelos jornalistas.

    "Não sei como vocês ficam sabendo de uma notificação que eu não recebi. Não sei se é o editor, o redator, sinceramente não sei."

    Lula foi convidado a ajudar na apuração em fevereiro deste ano. Não se trata, portanto, de intimação.

    A Folha mostrou nesta quarta-feira (24) que, apesar de reiterado algumas vezes, o convite ainda não foi atendido por temor de que o interrogatório seja vazado à imprensa –ainda mais em um ano eleitoral.

    Pessoas próximas ao ex-presidente argumentam que o petista fez chegar à PF, por meio de representantes, o recado de que está disposto a colaborar com as investigações, mas teme que um depoimento agora seja explorado politicamente por adversários.

    Segundo informação do diretor do Instituto Lula, Paulo Okamoto, o ex-presidente não deve prestar esclarecimentos antes das eleições de outubro.

    Segundo o aliado, depois das eleições, "talvez" Lula atenda a PF.

    Em setembro de 2012, Marcos Valério foi espontaneamente à PGR (Procuradoria-Geral da República) prestar novas declarações na esperança de ser beneficiado de alguma forma. Àquela altura, ele já havia sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão, mas as penas ainda não haviam sido definidas.

    Valério acabou sendo condenado a mais de 40 anos de prisão por diversos crimes, entre eles lavagem de dinheiro. No depoimento de 2012, ele acusou Lula de saber da existência do mensalão e de ter se beneficiado pessoalmente do esquema.

    Entre as alegações, afirmou ter repassado cerca de R$ 100 mil por meio de uma empresa de um ex-assessor de Lula para pagar despesas pessoais do então presidente em 2003.

    Afirmou, ainda, que Lula e o ex-ministro Antonio Palocci intercederam junto à companhia Portugal Telecom para que a empresa repassasse R$ 7 milhões ao PT.

    As declarações de Valério se transformaram em pelo menos dois inquéritos policiais, que tramitam em Brasília e Minas Gerais. Foram instaurados outros seis procedimentos no Ministério Público Federal para apurar as acusações do operador do mensalão. Desses, pelo menos dois já foram arquivados.

    A delegada Andrea Pinho foi removida do cargo que ocupava na Superintendência da PF em Brasília em fevereiro, continuou à frente da investigação.

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