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    Depoimento de ex-contadora de Youssef à CPI será depois das eleições

    GABRIELA GUERREIRO
    DE BRASÍLIA

    25/09/2014 16h36

    A CPI mista da Petrobras vai retomar as investigações sobre o esquema de corrupção na estatal somente depois do primeiro turno das eleições, marcado para o dia 5 de outubro. O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), marcou para o dia 8 de outubro o depoimento de Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef.

    Desde que o STF (Supremo Tribunal Federal) negou pedido de integrantes da CPI para terem acesso à delação premiada de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, a comissão de inquérito paralisou as investigações sobre a estatal. A menos de duas semanas das eleições, Vital admitiu à Folha que não há condições de os integrantes retornarem a Brasília para manter as atividades da CPI.

    "Marquei o depoimento para o dia 8 porque não temos como fazer antes. Está todo mundo em campanha", afirmou.

    Os membros da CPI foram recebidos na última terça-feira (23) pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que disse não ter condições de repassar o teor da delação para a comissão de inquérito até a homologação do acordo firmado pelo ex-diretor com a Justiça.

    O depoimento de Meire Poza é considerado decisivo por membros da CPI porque a ex-contadora do doleiro Youssef revelou, em entrevista à revista Veja, esquema operado pelo doleiro que envolveria recursos públicos e políticos. O depoimento vai ocorrer depois do acordo de delação firmado por Youssef com a Justiça. Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, em agosto, ela também confirmou que o doleiro repassou dinheiro ao deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA) e a outros parlamentares.

    O doleiro promete apresentar provas do esquema de irregularidades em troca da redução de sua pena no acordo de delação. Os membros da CPI querem detalhes do esquema, operado por Costa e Youssef, que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. O doleiro e o ex-diretor da Petrobras foram presos pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

    Segundo integrantes da CPI, a contadora confirmou presença na reunião do dia 8 de outubro. A comissão de inquérito recebeu nesta quarta (24) cópias dos depoimentos prestados por Meire Poza à Justiça Federal do Paraná, que investiga o esquema de lavagem de dinheiro.

    A CPI já aprovou a convocação de Youssef, mas Vital do Rêgo disse que só vai marcar a data do seu depoimento depois do desenrolar da delação premiada.

    DELAÇÃO

    O presidente da CPI prometeu apresentar até a semana que vem um projeto que lei que obriga o envio dos depoimentos de delações premiadas às comissões de inquérito. Após a negativa do STF, integrantes da CPI da Petrobras ficaram irritados por não conseguirem acesso aos depoimentos, especialmente depois que trechos foram revelados pela revista Veja –em que Paulo Roberto teria apresentado uma lista de políticos beneficiados com o esquema de corrupção.

    "Ninguém passa delação para a CPI,mas nós temos o direito de investigar. Por isso, esse projeto é muito importante para ser aprovado pelo Congresso", afirmou Vital.

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