A Comissão Nacional da Verdade examina, nesta sexta-feira (26), o caso dos nove chineses presos e torturados no Rio de Janeiro pouco depois do golpe militar de 1964.

Acusados de envolvimento num plano para disseminar o comunismo no Brasil, eles foram condenados a dez anos de prisão, mas, após um ano na cadeia, foram expulsos do país.

Embora evite se pronunciar publicamente sobre o assunto, o governo chinês considera o episódio um contencioso na relação com o Brasil e espera que o trabalho da comissão leve a uma retratação do governo brasileiro e à anulação da sentença dada aos nove réus.

Quatro dos cinco chineses já morreram. O jornalista aposentado Ju Qingdong, 84, que vive em Pequim, gravou depoimento em vídeo que deverá fechar a sessão da comissão na sexta. Em entrevista recente à Folha, ele lamentou que o Brasil ainda não tenha admitido o erro, embora as acusações jamais tenham sido provadas.

A comissão também ouvirá os jornalistas Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo, autores do livro "O Caso dos Nove Chineses" (ed. Objetiva).

Os chineses também esperam a devolução do dinheiro que lhes foi confiscado por agentes da ditadura –cerca de R$ 865 mil, em valores atuais.