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    Procuradoria pede que doleira seja condenada a 47 anos de prisão

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    26/09/2014 13h17

    O Ministério Público Federal apresentou denúncia à Justiça em que pede que a doleira Nelma Kodama seja condenada a 47 anos de prisão. Ela é acusada de ter praticado sete crimes, entre os quais a remessa ilegal de US$ 5,3 milhões em pouco menos de sete meses.

    Ele fez as remessas usando contas em nomes de laranjas e de uma empresa de fachada, a Da Vinci Confecções, de acordo com a acusação. Os dólares eram remetidos por meio de simulação de importações dessa empresa.

    Nelma é amiga de Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, mas os procuradores não citam negócios entre os dois na denúncia. Ela apresentava-se como "a última grande dama" do mercado paralelo de dólares. Numa mensagem enviada via celular, em outubro do ano passado, ela escreveu: "Profissão*doleira**kkk eh; talvez eu seja mesma a última grande dama do mercado, tão respeitado e hj infelizmente tão avacalhado".

    Nelma adora celebridades e tinha e-mails com o nome das atrizes Cameron Diaz e Greta Garbo (1905-1990).

    Os procuradores pedem que um gerente do Banco do Brasil acusado de ter auxiliado a doleira seja condenado a 27 anos e sete meses de prisão.

    Rinaldo Gonçalves era gerente de uma agência do Banco do Brasil na zona sul de São Paulo e permitia que a doleira movimentasse recursos de empresas fantasmas sem comunicar ao órgão federal de combate à lavagem de dinheiro, como exige a legislação, ainda de acordo com os procuradores.

    Segundo a acusação, ele recebeu ao menos R$ 4.000 da doleira. O Banco do Brasil demitiu-o do cargo por justa causa durante as investigações e diz ter repassado à Justiça as informações sobre o gerente que reuniu numa apuração interna. O banco afirma cumprir rigorosamente a legislação contra lavagem de dinheiro.

    A denúncia contra a doleira foi apresentada na última quarta-feira (24) à Justiça Federal do Paraná. Nelma está detida num presídio estadual na região metropolitana de Curitiba.

    Ela foi presa pela Polícia Federal em 15 de março no aeroporto de Cumbica, em São Paulo, quando tentava embarcar para a Itália com 200 mil euros escondidos na calcinha e no corpo.

    Um dos auxiliares de Nelma, Luccas Pace Junior, fez um acordo de delação premiada e foi colocado em liberdade. O Ministério Público pede que ele seja condenado a 13 anos de prisão, mas por ter colaborado com a

    Justiça, pedem que a pena seja reduzida a um terço ou dois terços, dependendo do resultado prático das informações que ele prestou sobre o suposto esquema.

    O advogado de Nelma, Marden Maués, diz que ela não estava em fuga quando foi presa. Segundo ele, ela iria a Milão comprar móveis e objetos de design para uma loja que abriria em São Paulo.

    Mauéus diz que a acusação contra a sua cliente tem "erros primários" e que a pena pedida é "completamente desproporcional". "Essas penas elevadas desapareceram do direito penal moderno. Punições assim só fazem sentido para crimes violentos contra a vida, os chamados crimes hediondos", afirma.

    O advogado de Rinaldo Gonçalves, Edimar Alexandre Ongaro, diz que seu cliente não teve qualquer participação no esquema e recebeu os R$ 4.000 por meio de um empréstimo. "Quem deveria comunicar às autoridades sobre as movimentações suspeitas era o chefe do Rinaldo, o gerente-geral da agência. Ele não cometeu nenhuma irregularidade".

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