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    Mesmo com baixa demanda, serra gaúcha comemora chegada de cubanos

    FELIPE BÄCHTOLD
    ENVIADO ESPECIAL AO INTERIOR DO RS

    28/09/2014 15h04

    Longe da caótica situação da saúde de Norte e Nordeste, pequenas cidades do interior gaúcho comemoram a repercussão local após a chegada de médicos cubanos.

    Em São Vendelino, com menos de 2.000 habitantes e a 90 km de Porto Alegre, a prefeitura já tinha contrato com outros cinco médicos antes de o cubano Dixan Escalona Salazar, 32, chegar.

    No município, de economia baseada em pequenas propriedades rurais, apenas quatro famílias recebem o benefício do Bolsa Família.

    Para a prefeitura, uma das vantagens do Mais Médicos é financeira. Os custos do programa são bancados pelo governo federal, e o município fica apenas com despesas de moradia e alimentação.

    Além disso, a chegada do cubano agrada a população porque fixa um médico que mora na própria cidade. Anteriormente, o município negociava com os profissionais uma atuação não exclusiva.

    "Ele vem atender uma demanda extra que a gente não conseguiria atender com os nossos profissionais. E, com isso, o povo fica muito satisfeito e politicamente dá um retorno", diz o vice-prefeito Evandro Schneider (PT).

    Além do retorno aos políticos, moradores enaltecem a simpatia do cubano. "Tem gente que vem ao posto e diz: 'Quero o moreno para a consulta'", diz Blasio Becker, 56.

    O médico afirma que o idioma foi uma barreira no início, mas que hoje consegue conversar bem com os pacientes.

    Uma situação inusitada é a comunicação com idosos que falam apenas alemão. A população local é toda praticamente formada por descendentes de germânicos. "Uma enfermeira precisa traduzir."

    Ele trabalha em um posto de saúde inaugurado no início do ano, erguido com recursos federais, e que possui até sala de observação com leitos. A unidade de saúde funciona até a noite –o cubano é escalado para um turno que vai das 17h às 21h, três vezes por semana.

    Os moradores ainda costumam ser atendidos em certos casos na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de uma cidade vizinha, Bom Princípio, a cerca de 10 km.

    Situação parecida ocorre em Monte Belo do Sul, na serra gaúcha. O município, de menos de 3.000 habitantes, fica a 20 minutos de carro de Bento Gonçalves, cidade referência e com hospital com mais recursos.

    Uma médica vinda de Cuba começou a trabalhar no posto de saúde da pequena localidade no fim de 2013.
    O município já contava com uma profissional brasileira fixa. Para a Secretaria da Saúde, o profissional extra promoveu mais atividades, como palestras em áreas rurais e visitas domiciliares.

    MÉDICA SOLÍCITA

    "Ela se preocupa, é muito querida. Quando está na rua, ela diz: 'qualquer coisa me procura', até de noite. É muito interessada. Outros médicos vieram, mas duraram pouco", diz Dulce Cantone, 77, que já foi atendida pela profissional do Mais Médicos.

    O prefeito Lirio Turri (PTB) afirma que pretende providenciar mais um médico do programa federal, pois a população é idosa e procura muito os serviços de saúde.

    "Para nós aqui, se o governo contratou [os médicos] para fazer política, ele acertou. O resultado do atendimento para a população está bom."

    Editoria de Arte/Folhapress

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