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    Luciana Genro e Jean Wyllys acionam TSE contra declarações homofóbicas de Levy Fidelix

    LIGIA MESQUITA
    DE SÃO PAULO

    29/09/2014 19h20

    A candidata do PSOL à Presidência, Luciana Genro, e o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) entraram com uma representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contra o presidenciável do PRTB, Levy Fidelix. Com a medida, Genro e Wyllys esperam que Fidelix seja punido pela legislação eleitoral por conta de suas declarações de cunho homofóbico no debate da Rede Record, no domingo (28).

    Wyllys também entrará com representações no Ministério Público Federal e no Ministério Público Eleitoral por danos morais coletivo. "Queremos que as declarações de Fidelix no debate sejam equiparadas a crime de ódio e investigadas como tal", diz o advogado Rodrigo Machado, que representa o deputado do PSOL.

    Luciana Genro foi criticada nas redes sociais por não ter condenado ao vivo, na TV, a fala de Fidelix, já que foi ela quem fez a pergunta que resultou nas declarações de Fidelix. Procurada pela Folha, sua assessoria de imprensa disse que ela não falaria com o jornal. Quando o debate foi encerrado, a presidenciável do PSOL usou o Twitter para condenar a ação de seu adversário, chamando de "absurda" suas considerações.

    Entidades de direitos LGBT ouvidas pela Folha, como a AGLBT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), a associação da Parada Gay de São Paulo, o Grupo Gay da Bahia e a ONG Dignidade também dizem que entrarão com representações na Justiça contra Fidelix.

    No debate, ao ser questionado por Luciana Genro (PSOL) por que pessoas como ele, defensoras da instituição família, não reconhecem como tal um casal do mesmo sexo, Fidelix afirmou: "O Brasil tem 200 milhões de habitantes. Se começarmos a estimular isso aí, daqui a pouquinho vai reduzir pra cem. Vai para a Paulista [avenida que, segundo o candidato, concentra grande número de gays]. É feio, o negócio, né? Então, gente, vamos ter coragem. Nós somos maioria, vamos enfrentar essa minoria". O candidato também disse que "dois iguais não fazem filho. E digo mais: desculpe, mas aparelho excretor não reproduz. É feio dizer isso, mas não podemos, jamais, eu que sou um pai de família, um avô, deixar que esses que estão aí achacando a gente no dia a dia, querendo escorar essa minoria (...)".

    Para Carlos Magno, presidente da associação AGLBT, Fidelix "cometeu vários crimes em uma declaração, desde associar homossexualidade com pedofilia até a incitação do ódio".

    SILÊNCIO NO DEBATE

    Jean Wyllys criticou o comportamento dos candidatos à Presidência que participaram do debate da Rede Record. Para ele, se o discurso de Fidelix "tivesse sido contra outras minorias como pessoas com deficiência ou contra a comunidade judaica", os demais postulantes ao Planalto teriam se posicionado na hora contra a fala homofóbica do adversário, assim como os mediadores do debate deveriam ter se manifestado.
    A Record afirma que a legislação eleitoral impede apresentadores de se manifestarem sobre opiniões de candidatos.

    "Todos, inclusive a Luciana [Genro, candidata do partido de Wyllys], deveriam ter parado o debate naquele momento. A violência contra os homossexuais é tão socialmente aceita que os candidatos silenciaram. E a plateia riu", diz. "Se eu estivesse lá seria expulso, mas xingaria aquele canalha na hora. Se as pessoas compararem a fala dele colocando no lugar dos gays outras minorias elas conseguem entender a dimensão que causou em nós? É justo, por exemplo, que alguém conclame a maioria a combater os judeus?"

    "Eles [os candidatos] temem o eleitorado que pensa igual ao Fidelix. Nessa hora H o que está acontecendo é o cálculo eleitoral, não a justiça, a dignidade humana. É lamentável", afirmou o parlamentar.

    REPÚDIO DOS PRESIDENCIÁVEIS

    Na tarde desta segunda, os presidenciáveis que não haviam se pronunciado sobre o caso logo após o debate, como fez Luciana Genro, condenaram a atitude de Fidelix.

    O candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, afirmou ser "lamentável" a declaração de Fidelix. "Todo o nosso repúdio àquelas declarações. Como já disse mais de uma vez, todo tipo de discriminação é crime. Homofobia também", disse o tucano.

    Sem citar o nome de Fidelix, Eduardo Jorge (PV) escreveu no Twitter: "Hoje vocês viram o quanto é necessário uma legislação que criminalize a homo/lesbo/transfobia equiparando-os (as) aos crimes de racismo, né?".

    Procurado pela Folha, Fidelix não respondeu aos pedidos de entrevista.

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