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    Não Gostei: Horário foi usado para difundir mentiras

    CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    02/10/2014 02h00

    O sistema de propaganda eleitoral gratuito é uma instituição benéfica para o país. O critério de alocação do tempo dos candidatos de acordo com a representação no Congresso dos partidos que o apoiam é legítimo.

    Mas, para de fato contribuir para aprimorar a qualidade da democracia, ele deveria apresentar propostas de governo e projetos para a nação e promover o debate entre os líderes que pleiteiam cargos públicos.

    Não foi o que ocorreu nesta campanha. O horário eleitoral foi usado majoritariamente para difundir mentiras, ataques pessoais, mistificações.

    Propaganda política não é publicidade comercial. Neste ano, como em anteriores, os candidatos a usaram como se fosse.

    Publicidade comercial pode ser efetiva porque vende produtos ou serviços a consumidores, que se decidem por eles sem que para isso precisem apelar para suas convicções íntimas mais profundas e arraigadas.

    Quando escolhem uma pessoa para representá-los, ao contrário, os cidadãos decidem com base no núcleo de suas crenças.

    Por isso, técnicas de publicidade comercial aplicadas à política nunca são tão eficientes. Por mais que as aparências sugiram o oposto. Mesmo na publicidade comercial, quando o nível de agressividade extrapola, o resultado pode ser o oposto ao pretendido. Nem o consumidor deve ser subestimado. Que dirá o cidadão.

    É de lastimar que o horário eleitoral não cumpra seus propósitos nobres. Na mais arraigada e pior tradição brasileira, já há quem queira criar leis para tentar remediar a situação e impor formatos.

    Não é isso que vai resolver o problema. Acabar com leis, sim, poderia ajudar. Como a que obriga a presença em debates de candidatos inexpressivos e exóticos que prejudicam a discussão entre quem tem representatividade real.

    A solução para minimizar a baixaria da propaganda enganosa poderia vir do bom jornalismo, que esclareça o público com fatos comprovados sobre as imprecisões, ilusões, omissões, inverdades proferidas por candidatos.

    Em outros países, há organizações jornalísticas que já fazem isso com sucesso e com apoio de veículos de comunicação, que lhe dão espaço nobre.

    Se, na sequência das falsidades proferidas pelos anúncios, os eleitores recebessem informações factuais que as desmentissem, a maioria dos seus estragos seria evitada.

    Editoria de Arte/Folhapress
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