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    Servidores do Ipea criticam show de mulatas em fórum

    FERNANDO RODRIGUES
    DE BRASÍLIA

    04/10/2014 02h00

    Imagens de mulatas de uma escola de samba interagindo com professores estrangeiros em um congresso organizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) provocaram incômodo entre os funcionários do órgão, vinculado à União.

    Cinco servidores divulgaram uma carta aberta na última terça-feira (30) em protesto contra a iniciativa de contratar a apresentação das mulatas, considerada por eles "racista" e "sexista".

    O fato ocorreu no 6º Fórum Acadêmico dos Brics, organizado pelo Ipea e a Secretaria de Assuntos Estratégicos no Rio, em março deste ano.

    Divulgação
    Passistas de escola de samba foram contratadas para o jantar de encerramento do 6º Fórum Acadêmico dos Brics, no Rio de Janeiro, com pesquisadores estrangeiros
    Passistas de escola de samba foram contratadas para o jantar de encerramento do 6º Fórum Acadêmico dos Brics, no Rio de Janeiro, com pesquisadores estrangeiros

    Os servidores Natália de Oliveira Fontoura, Luana Simões Pinheiro, Antonio Teixeira Lima Júnior, Leila Posenato Garcia e Fernanda Lira Góes redigiram a carta e a divulgaram para os colegas. Eles afirmam que as imagens contradizem o esforço do governo federal para combater o turismo sexual e a violência contra as mulheres.

    Para eles, o show das mulatas no congresso evoca a "suposta sensualidade e disponibilidade dos corpos femininos negros ("¦) a serviço dos homens brancos". A carta cita o episódio de camisetas lançadas pela Adidas na Copa que representavam o Brasil como uma bunda usando biquíni fio dental, retiradas após pressão do governo.

    Marcelo Neri, hoje ministro da SAE, presidia o Ipea na época do congresso e aparece numa imagens. Ele minimiza as críticas dos servidores e afirma que as passistas representam uma manifestação cultural típica do Brasil.

    "Aquilo era absolutamente normal dentro do Rio de Janeiro. Elas estavam exercendo seu trabalho", diz Neri. A crítica de racismo e sexismo, diz, "está no olhar de quem vê". "Estamos no Brasil, não estamos na Rússia".

    O Ipea informou que o show das passistas foi oferecido pela Prefeitura do Rio, co-organizadora do evento. Segundo o site do congresso, o Fórum Acadêmico dos Brics tem por fim estabelecer redes acadêmicas entre pesquisadores dos países do bloco.

    O Ipea surgiu em 1967 para dar suporte ao governo para formular políticas públicas.

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