"Posso tirar uma foto com vocês?", pediu timidamente Marina Silva. Após ouvir a resposta positiva, aproximou-se de três garotos de 19 anos em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, e esperou que o fotógrafo de sua campanha fizesse a imagem. "Ajuda a gente. Vote 40", concluiu a candidata do PSB à Presidência da República.

Em um último esforço para garantir seu lugar no segundo turno contra a presidente Dilma Rousseff (PT), Marina participou neste sábado (4) de um evento esvaziado na Praça do Forró, no centro de São Miguel, seguido por carreata de cerca de uma hora pelas ruas do bairro.

Uma hora e meia antes do início do evento, no entanto, a assessoria da campanha do PSB enviou um e-mail a jornalistas para avisar que o ponto de encontro havia sido modificado. A escolha prejudicou a mobilização. Além de ter sido marcada com apenas um dia de antecedência, a carreata sairia agora de um novo endereço, onde apenas quatro carros com bandeiras e adesivos de Marina aguardavam a chegada da candidata.

A ex-senadora apareceu com meia hora de atraso, mas não desceu da van em que costuma fazer os percursos terrestres de um compromisso para o outro. Assessores foram avisados que a Praça do Forró concentrava pouco menos de cem pessoas, número maior de militantes do que os que estavam ali.

A deputada Luiza Erundina (PSB-SP) assumiu o carro aberto seguido por dez outros veículos –seis deles da imprensa– e a comitiva prosseguiu. Ao lado de Erundina, Walter Felman, coordenador-geral da campanha, era o outro político que acompanhava a ex-senadora.

Felman afirmou que a mudança de roteiro foi pedida pessoalmente por ele após um "erro da percursora". "Sou de São Miguel e vi que não tinha sentido seguir aquele caminho", explicou.

O coordenador da campanha do PSB disse ainda que Marina "não quer muita gente [nos eventos de rua], porque acha que muita gente vira carreata". A candidata é contra atos com veículos, que contribuem para a poluição do ar.

EM MEIO A ABELHAS

Após percorrer poucos metros em volta da Praça do Forró, Marina parou para uma entrevista coletiva. Estava preocupada com algumas abelhas que sobrevoavam uma árvore próxima.

"O que é aquilo, Nilson? É abelha? Eu sou super alérgica, vai precisar ser rápido", disse se dirigindo a Nilson Oliveira, seu assessor de imprensa.

A candidata falou por doze minutos. Disse estar confiante de que vai ao segundo turno e que fez uma campanha "limpa", com "serenidade de em nenhum momento revidar na mesma moeda" os ataques que recebeu do PT e do PSDB no último mês.

"Tenho certeza de que estaremos no segundo turno. Mantivemos a nossa coerência e não cometemos agressão", afirmou.

Questionada se a apresentação de seu programa de governo foi um erro, Marina disse: "Se não tivéssemos programa, teríamos sido reduzidos a pó".

O documento foi alvo de críticas dos adversários principalmente após o recuo da candidata em questões do setor energético e dos direitos LGBT.

CARREATA

Apesar de Marina dizer que não faz carreata, subiu no carro de som e foi seguida por cerca de vinte veículos, que somaram-se aos dez da primeira etapa, e discursou dando destaque à sua trajetória de vida.

"Chegou a hora de dar uma chance ao Brasil e eleger Marina presidente. Aqui está uma mulher que batalhou, que trabalhou, que se alfabetizou aos 16 anos. É bom saber que no Palácio do Planalto tem uma brasileira com a história parecida com a sua", afirmou.

Perto das 16 horas, Marina virou-se a Feldman: "Vamos terminar, estou preocupada porque temos que pegar o avião".

A candidata viaja ainda neste sábado ao Acre, onde votará no domingo (5). Depois volta a São Paulo para acompanhar a apuração e fazer seu pronunciamento após a divulgação dos resultados.