Parecia um déjà vu: assim como em 2010, o comitê petista foi pego de surpresa neste domingo (5) com o resultado das urnas. Só que, desta vez, o motivo foi outro. Na eleição passada, Dilma Rousseff e sua equipe apostavam na vitória no primeiro turno. Até a tarde deste domingo, tinham certeza de uma margem mais folgada contra Aécio Neves, candidato do PSDB.

O auditório era o mesmo. A plateia, diferente. Cadeiras estavam vazias. Faltava militância.

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) resolveu puxar um coro para quebrar o silêncio do auditório. O gesto fez o operador de som acordar, e o jingle "Coração Valente" estourou nos amplificadores.

Um integrante do comitê petista resgatou um conselho do ex-presidente Lula, dado ao longo do primeiro mandato e tantas vezes reiterado durante a campanha à sucessora: a presidente, mais do que discurso, terá de fazer gestos claros ao mercado financeiro e ao empresariado nacional para diminuir resistências acumuladas nos últimos anos.

No palco, um grande banner com o slogan do segundo turno "governo novo, ideias novas" dava a deixa.

Mas, no Palácio da Alvorada, o clima era de preocupação. "Vai ser com emoção", disse um ministro, pedindo anonimato.

O maior temor do núcleo político da reeleição é a possibilidade de o tucano pegar carona no embalo de seu crescimento no eleitorado pouco antes do primeiro turno e ultrapassar a petista nos próximos dias.

Mas a melhor definição do ânimo nos bastidores foi dada por um auxiliar de primeira hora de Dilma. "Sabe aquele ditado 'tome cuidado com o que você deseja'? Pois é, nos sentimos meio assim", contou ele, reservadamente, referindo-se ao fato de muitos petistas terem torcido para enfrentar Aécio no segundo turno.