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    Análise: Capital de candidatura de Marina se esvaiu em campanha marcada por amadorismo

    MARCELO LEITE
    DE SÃO PAULO

    06/10/2014 02h00

    Marina Silva (PSB), candidata improvisada pelo destino num partido que não é o seu, chegou aonde chegou por suas qualidades. E ficou tão aquém do que dela se esperava por erros e deficiências próprios.

    Marina ultrapassou os 19,6 milhões de votos que conquistara em 2010, pelo PV. Nas condições em que fez campanha pela TV, com apenas um sexto do tempo à disposição da rival Dilma Rousseff (PT) e metade do de Aécio Neves (PSDB), vale por uma pequena façanha.

    Mulher de pele escura e saúde frágil que nasceu em berço esquálido e chegou ao Senado, Marina tinha o que parecia faltar a Aécio: uma biografia que a credenciava como alternativa não elitista ao lulopetismo.

    A candidata se manteve fiel ao figurino incomum: resistiu a alianças de ocasião para acumular minutos no horário eleitoral, centrou ataques nas propostas dos oponentes (e não neles) e deu primazia ao programa de governo, não tanto ao marketing eleitoreiro.

    Na campanha, contudo, esse capital se esvaiu, em lugar de gerar rendimentos. Num primeiro momento, pareceu galvanizar os anseios e demandas amortecidos de junho de 2013, mas logo foi abatida pelo jogo bruto do horário eleitoral.

    Marina e seu time erraram muito.

    O trunfo do programa precoce tornou-se um flanco. Trechos copiados, o recuo canhestro na questão LGBT e a escolha da indigesta independência do Banco Central como pedra de toque da política econômica sugerem precariedade e descontrole.

    Os temas verdes, medula de sua carreira, como que desapareceram da agenda. Transpareceu mais o esforço de desbotá-los, como na opção por um vice conectado ao agronegócio. O mesmo se deu com a questão racial.

    A confusão em torno das votações da CPMF demonstrou parco domínio sobre as próprias vulnerabilidades, reais ou imaginárias. Até uma apelação de última hora Marina se permitiu, com o 13º do Bolsa Família.

    Improvisação e amadorismo foram as marcas dessa campanha precipitada pela morte de Eduardo Campos.

    Marina pode agora acomodar-se no amuo com Lula e o PT e sobreviver de forma confortável no habitat protegido do terceiro setor.

    Mas pode também arregaçar as mangas e construir um partido com base social, organização e disciplina para enfrentar as eleições de 2018 com algo mais que uma biografia.

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