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    Institutos de pesquisa sofrem críticas

    RICARDO MENDONÇA
    ERICA FRAGA
    DE SÃO PAULO

    07/10/2014 02h00

    Os institutos de pesquisa voltaram a sofrer críticas nos últimos dias por causa da diferença entre os números das pesquisas concluídas na véspera da eleição de domingo e os resultados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral.

    Um exemplo é o desempenho do tucano Aécio Neves na corrida pela Presidência. Um dia antes da eleição, o Datafolha dizia que ele tinha 26%, num estudo com dois pontos de margem de erro. Já o Ibope o mostrava com 27%. Na apuração, Aécio teve 34%.

    Embora isso possa soar estranho para alguns, diferenças como essas não representam erros de previsão dos institutos. Por uma razão simples: levantamentos divulgado na véspera não têm a função de antecipar resultados.

    "O objetivo da pesquisa é contar a história da eleição. Nesse caso, contar a história até a manhã do sábado", afirma o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino.

    Isso não pode ser confundido com tentativas de previsão, diz, porque entre as entrevistas com os eleitores –a maior parte na antevéspera da eleição– e o instante do voto, mudanças relevantes podem acontecer, eventos imprevistos podem surgir, tendências podem se acelerar.

    Editoria de Arte/Folhapress

    A diretora do Ibope, Márcia Cavallari, usa argumentos parecidos: "O que se divulga representa sempre o momento para trás, não para frente", diz ela. "A coisa não é estática, é dinâmica. E sabemos que o eleitor está decidindo cada vez mais tarde. Então tem sempre um percentual significativo que resolve o voto ou muda de última hora".

    Na eleição presidencial, pelo menos outros dois fatores ajudam a explicar as diferenças. O primeiro é a troca de ideias entre amigos e familiares, que vai se intensificando com a proximidade do pleito.

    Nesse caso, a continuidade da repercussão do debate da TV Globo na quinta à noite pode ter feito diferença.

    O programa foi visto por 60 milhões de eleitores. E Aécio, como mostrou o próprio Datafolha, teve um desempenho notadamente melhor que o da rival Marina Silva (PSB).

    O segundo fator é a própria repercussão do resultado da pesquisa da véspera nos telejornais de sábado à noite e nos jornais do domingo.

    A pesquisa já mostrava a virada de Aécio com tendência consistente. Não é errado supor que isso tenha acelerado ainda mais a transferência de votos entre os que rejeitam Dilma Rousseff (PT).

    PROTESTOS

    O fenômeno também ocorreu em alguns Estados. A liderança de José Ivo Sartori (PMDB) no Rio Grande do Sul, a queda de Anthony Garotinho (PR) no Rio e a virada de Rui Costa (PT) na Bahia não apareceram nas pesquisas da véspera, mas as tendências que levaram a todos esses eventos haviam sido captadas.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Em São Paulo, a diferença gerou protestos de Alexandre Padilha (PT), que teve 18% dos votos, 3 pontos a mais que o registrado no Datafolha, considerando a margem de erro.

    "Não vou falar que tem má-fé, mas é algo tem que ser explicado, porque toda vez, a 12 horas da eleição, os institutos de pesquisas dão sete pontos a menos para o PT em São Paulo", disse Padilha.

    Editoria de Arte/Folhapress
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