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    Costa irá depor pela 1ª vez à Justiça após acordo de delação

    MARIO CESAR CARVALHO
    ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

    08/10/2014 02h00

    Em seu primeiro depoimento à Justiça após ter feito um acordo de delação premiada com procuradores da Operação Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa deve falar nesta quarta-feira (8) sobre as revelações que fez em relação à corrupção na estatal.

    O depoimento deve focar nos métodos que as empreiteiras contratadas pela petroleira usam para pagar propina a executivos e políticos.

    Costa será levado do Rio, onde está em prisão domiciliar, em um voo comercial da Azul para Curitiba (PR), com escolta da Polícia Federal.

    O executivo saiu da prisão no última quarta-feira (1º) após decidir que contaria o que sabe sobre corrupção na Petrobras em troca de uma pena menor –a perspectiva de seus advogados era que ele fosse condenado a 50 anos de prisão.

    Ele também se comprometeu a devolver cerca de R$ 70 milhões que recebera de suborno em troca de contratos.

    Costa foi preso em 20 de março pela PF sob acusação de comandar, ao lado do doleiro Alberto Youssef, um esquema de desvio de recursos em obras da Petrobras.

    Costa deve falar sobre como os contratos da refinaria Abreu e Lima eram superfaturados e sobre as 11 empresas que abriu no exterior para receber propina. Essas empresas tinham contas na Suíca e nas Ilhas Cayman, um paraíso fiscal no Caribe.

    Ele contou no acordo de delação que os US$ 23 milhões que mantêm na Suíça tiveram origem em pagamentos de propina feitos pela Odebrecht, o que a empreiteira nega com veemência.

    Os US$ 2,8 milhões que estavam numa conta do Royal Canadian Bank nas Ilhas Cayman foram pagos pelo OAS African, uma subsidiária da empreiteira, segundo documentos apreendidos pela PF. A OAS não comenta o caso.

    O novo advogado de Costa, João Mestieri, disse à Folha que seu cliente não poderá usar do direito de permanecer em silêncio. "Ele terá de dizer a verdade sob o risco de perder os benefícios do acordo", afirmou

    O principal benefício que Costa recebeu foi o de ficar preso em casa por um ano, com tornozeleira eletrônica. Se as informações que ele prestou na delação forem comprovadas, poderá haver redução de penas.

    O teor das perguntas, segundo o advogado, não poderá extrapolar a ação penal em que Costa é réu.

    O ex-diretor da Petrobras só não poderá falar sobre os parlamentares que citou como recebedores de suborno do esquema porque eles têm foro privilegiado e só podem ser investigados e julgados no Supremo Tribunal Federal.

    Entre os parlamentares que teriam recebido propina do esquema, ele citou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), segundo a revista "Veja". Ambos negam a acusação.

    Nesta terça (7) o advogado da Petrobras que atua na Operação Lava Jato, René Dotti, voltou a pedir acesso à delação premiada de Costa para "subsidiar suas próximas orientações internas e públicas. A Justiça havia negado um pedido anterior.

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