• Poder

    Monday, 20-May-2024 16:57:23 -03
    [an error occurred while processing this directive]

    Dilma visita o Nordeste e usa o Bolsa Família para atacar Aécio

    ANDRÉ UZÊDA
    ENVIADO ESPECIAL A TERESINA

    08/10/2014 17h57

    Ao abrir a série de eventos que terá nesta semana para a largada da campanha do segundo turno, a presidente Dilma Rousseff (PT) usou o Bolsa Família e o preconceito aos nordestinos para atacar seu adversário na corrida ao Palácio do Planalto, o tucano Aécio Neves.

    Em Teresina (PI), onde participou de comício a um grupo de militantes, disse: "Temos que superar essa visão elitista de quem quando governou o país tirou os pobres do Orçamento. Só colocou no Orçamento políticas para um terço da população".

    A seguir, passou a atacar com os tucanos e a enaltecer seus principais programas sociais.

    "É muito engraçado. Nós fizemos o Bolsa Família, construímos o Bolsa Família. Fizemos para atender uma realidade terrível no Brasil. Aí vem uma pessoa candidata, meu adversário, e fala que vai fazer melhor."
    Dilma prosseguiu: "Por que não fizeram antes? E por que fizeram um Bolsa Família mirradinho, pequenininho assim [fazendo um gesto com a mão]."

    Atualmente, 14 milhões de famílias são beneficiadas pelo programa federal em todo o país. Em setembro, os repasses significaram R$ 2,4 bilhões. O Nordeste concentra 51% das famílias beneficiárias.

    Sobre o Mais Médicos, principal bandeira social criada na gestão da petista, a presidente disse que os tucanos são contrários ao programa de distribuição de profissionais nas periferias e no interior do país. O programa tem hoje cerca de 14 mil médicos no país, em sua maioria cubanos.

    "Falam de vários de nossos programas que são errados. Falam no Mais Médicos. Falam de tudo. E agora falam que vão melhorar. Como vão melhorar se são contra o Mais Médicos?"

    Ainda na série de ataques a Aécio e aos governos tucanos, sugeriu que o PSDB sempre menosprezou os votos dos nordestinos e agora ensaiam uma aproximação.

    "Tem aqueles que dizem que os votos do Nordeste são de pessoas de menos compreensão e que não sabem votar. Esses são aqueles que nunca estiveram aqui. Nunca conheceram a qualidade desse povo."

    Sobre corrupção, em meio a uma série de escândalos de desvios na Petrobras, Dilma disse que fará um "combate duro, sem trégua". Disse ainda que "não aparelhou a Polícia Federal nem o Ministério Público", numa crítica indireta ao governo tucano.

    A campanha do segundo turno da petista iniciou nesta quarta um périplo pelo Nordeste, região onde obteve a maior votação no país na primeira etapa da votação: 56% dos votos, contra apenas 9% de seu adversário, Aécio Neves (PSDB). Marina Silva (PSB), excluída do segundo turno e que agora deve apoiar o tucano, teve 24% na região.

    Em Teresina, ao final do discurso, a presidente agradeceu os votos e disse: "Nunca vou esquecer".

    Em entrevista após o comício, na qual respondeu a apenas duas perguntas, a petista primeiro falou sobre a distribuição de seus votos no primeiro turno.

    "Isso é a força do voto. O exercício do voto. Eu tive mais voto aqui [Nordeste] e ele teve mais voto lá [Sul e Sudeste]. Mas isso [polarização] não é bem verdade. Fomos bem em Minas e no Rio de Janeiro. Ele foi bem em São Paulo, mas nada que não possamos solucionar. Vamos nos esforçar para isso, através do diálogo, através da conversa."

    Sobre o provável apoio de Marina a Aécio: "Isso é o exercício da democracia. Isso é melhor que regimes ditatoriais. Quando você se identifica com um projeto você tem o direito de apoiá-lo."

    Além do Piauí, a petista visita ainda nesta quarta a Paraíba, onde tenta fechar uma aliança com o governador do PSB Ricardo Coutinho, candidato à reeleição e na disputa do segundo turno contra o tucano Cássio Cunha Lima.

    Ainda nesta semana Dilma passará por Bahia e, possivelmente, Sergipe e Alagoas.

    No Piauí, Dilma obteve seu recorde pessoal entre os Estados. A petista teve 70% dos votos válidos, ante 13% do tucano. O PT ainda conseguiu eleger no Piauí o governador Wellington Dias no primeiro turno, com 63% dos votos.

    É a terceira vez neste ano que a presidente Dilma visita o Piauí.

    Nas duas outras oportunidades ela esteve em evento presidenciais apontados pela oposição como atos de campanha.

    Em fevereiro, Dilma entregou para prefeituras piauienses máquinas agrícolas bancadas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Em maio, ela esteve em Teresina e em Parnaíba para entregar casas do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

    MEDO DO BOLSA FAMÍLIA

    Para inflar o evento desta quarta-feira em Teresina, prefeituras do interior do Piauí ficaram responsáveis pelo envio de militantes. O comitê de campanha aproveitou o ato e fez gravações que serão exibidas no programa eleitoral de TV.

    O agricultor Francisco Salvino, 63, diz que enfrentou duas horas de viagem de Miguel Alves (a 112 km da capital) apenas para participar do evento. Ele conta que foi convidado pela prefeitura, que bancou o ônibus e lanches para cerca de 50 pessoas.

    "Não podia deixar de prestigiar minha presidente. Foi a mulher que criou o Bolsa Família. A coisa mais importante já feita nesse país", disse o agricultor.

    Salvino disse ainda que, no município de Miguel Alves, tem se espalhado o boato que Aécio Neves vai acabar com o Bolsa Família, mas não soube dizer quem disseminou.

    "É por isso que todos lá são contra ele. Ninguém que saber de um cabra que quer acabar com essa ajuda que recebemos."

    Em diferentes momentos, Aécio não apenas negou esses boatos como também prometeu ampliar o programa.

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024