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    Extrato revela depósitos de US$ 19 mi na conta de ex-diretor da Petrobras

    ANDRÉIA SADI
    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    08/10/2014 18h55

    Documentos apreendidos pela Polícia Federal durante a Operação Lava Jato, aos quais a Folha teve acesso, revelam transferências bancárias no valor total de US$ 18,8 milhões de diversas pessoas e empresas para uma conta na Suíça controlada pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.

    A segunda principal depositante, com o total de US$ 4,99 milhões, foi a OAS African Investments, um braço da empreiteira brasileira OAS no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. A OAS integra o consórcio que, em 2010, obteve o terceiro maior contrato das obras da refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, no valor de R$ 1,48 bilhão.

    Apesar dos depósitos expressivos, a OAS ainda não foi a principal depositante da conta suíça. A empresa Kingsfield Consulting Corp aparece como depositante de US$ 6 milhões, em seis parcelas iguais entre os anos de 2012 e 2014. Em seu site na internet, a empresa sediada no Reino Unido informa que trabalha com serviços de "engenharia e indústria de construção".

    Os depósitos foram feitos na conta da empresa offshore Santa Tereza Service Ltd. Partnership, controlada por Costa e aberta no banco PBK, da Suíça.

    A descoberta dos depósitos na conta suíça foi possível graças a um papel apreendido pela Polícia Federal em março último, mediante ordem judicial emitida pelo juiz federal Sergio Moro, de Curitiba (PR), na sede da empresa GFD, do doleiro Alberto Youssef, localizada na rua Renato Paes de Barros, em São Paulo. O extrato havia sido impresso poucos dias antes da operação policial.

    Ainda não chegaram ao Brasil, pelos canais oficiais, os extratos das contas bancárias controladas por Costa no exterior.

    O documento revelou aos investigadores um total de 32 transferências bancárias para a Santa Tereza.

    A conta recebeu quatro transferências da OAS African entre os dias 7 de maio e 5 de dezembro de 2013. Paulo Roberto Costa deixou o cargo de diretor de Abastecimento da estatal petroleira em maio de 2012.

    Na delação premiada que fechou com a Justiça Federal do Paraná, Costa admitiu ter responsabilidade sobre a movimentação da conta bancária da Santa Tereza e aceitou reverter todo o dinheiro para uma conta do Judiciário, como parte do acordo de delação premiada, já homologado pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki. Como consequência do acordo, Costa passou da prisão fechada para a prisão domiciliar no Rio de Janeiro.

    Procurada na manhã desta quarta-feira, a OAS em São Paulo não deu retorno a um pedido de informações sobre os depósitos na conta da Santa Tereza. Os advogados de Paulo Costa, procurados para comentar o assunto, não puderam falar porque se preparavam para participar da audiência agendada pela Justiça Federal do Paraná para a tarde desta quarta-feira. Representantes da empresa Kingsfield não foram localizados para comentar o assunto.

    Editoria de Arte/Folhapress

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