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    Reeleito, Beto Richa critica herança e promete enxugar a máquina no PR

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    09/10/2014 13h23

    Reeleito no primeiro turno após um mandato com crise financeira e obras paradas, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), culpou a herança que recebeu pelas dificuldades enfrentadas em sua gestão.

    O tucano, que se credencia como um líder em potencial no partido, prometeu fazer uma reforma administrativa e enxugar secretarias para ampliar os investimentos, além de gastar mais na área social.

    Com 55% dos votos, Richa, 49, se reelegeu com uma coligação de 17 partidos. Apontado como bom articulador político, eliminou candidaturas adversárias atraindo aliados desde que assumiu o Palácio Iguaçu, em 2011.

    Antes do tucano, comandou o Estado do Paraná entre 2003 e 2010 o senador Roberto Requião (PMDB), segundo colocado nas eleições deste ano.

    Richa esteve na reunião desta quarta-feira (8) de apoiadores de Aécio Neves (PSDB) em Brasília, depois da qual concedeu esta entrevista, por telefone, à Folha. Sobre o presidenciável, diz que ele representa "o sentimento de mudança" dos brasileiros e promete "até segurar bandeira na esquina" para o candidato.

    *

    Folha - O sr. mesmo admitiu dificuldades em seu governo, e ainda assim foi reeleito em primeiro turno. Por quê?
    Beto Richa - Essas dificuldades, eu já expliquei o porquê. Foi a herança que eu recebi, de um governo desmantelado, com uma visão retrógrada. E, por outro lado, [houve] uma discriminação federal, um boicote contra nós [em referência a empréstimos que não foram autorizados pelo Tesouro Nacional]. Pesaram também as propostas que apresentamos. Nosso programa de televisão foi muito bom. E tínhamos muito apoio no interior do Estado, de prefeitos que não queriam abrir mão da parceria que tivemos. Nós fizemos grandes investimentos nos municípios. Eu tive apoio até de prefeito do PT.

    Alguns adversários dizem que sua reeleição se deve justamente à sua articulação política.
    Acho que foi uma soma de fatores. Não é só um acerto que garante a eleição. Os avanços do Paraná, a mensagem que transmitimos... E também o apoio de prefeitos. Claro, eu tratei todos bem, com respeito. Meu adversário [Requião] sempre tratou todos na ponta da botina. Humilhava os próprios companheiros, atendia prefeito na hora que queria. Eu atendia a todos. E tive disposição para o trabalho. Visitei os 399 municípios do Paraná como governador. Tinha semana que eu visitava 15, 20 cidades. Não é todo mundo que tem disposição e saúde para isso.

    O sr. atraiu 17 partidos para sua coligação.
    E não foi a primeira vez. Na minha primeira eleição de governador, também foram muitos [14 partidos]. Na reeleição para prefeito [de Curitiba], também [11 partidos]. Esse é o resultado de tratar as pessoas com respeito. Busquei conversar com todos. A minha vitória começou nos primeiros dias da minha posse, quando busquei o espólio do PMDB, do PDT. Eles me apoiaram na Assembleia. Eu tive apoio de praticamente todos os prefeitos do PDT. Tem gente que não tem paciência, como o meu adversário [Requião]. Você acha que ele iria, nos primeiros dias de governo, conversar com alguém? Eu converso, articulo, trabalho desde o primeiro momento. Eu já estava com o trabalho feito nesta campanha.

    É também uma forma de eliminar oposições?
    É um bom trabalho político. Fortalece minha candidatura, claro. Mas se os partidos tivessem nomes competitivos, teriam lançado. Tanto é que tivemos oito candidatos ao governo no Paraná.

    Na última eleição para prefeito, o PSDB fechou diretórios no Paraná e firmou alianças com outros partidos, em nome de uma ampla coligação em 2014. Houve quem o acusasse de autoritarismo e de enfraquecer o PSDB. O senhor acha que essa grande aliança pode prejudicar o partido mais para a frente?
    Não tem um município em que tenhamos deixado de lançar candidato do PSDB. Em alguns casos, apenas não havia candidatos. Não há risco de enfraquecimento, de forma alguma. Conquistamos o governo do Estado. Não tem fortalecimento maior para um partido que isso.

    O que quer fazer neste segundo mandato que não fez no primeiro?
    Muitas coisas. Agora estamos mais afinados, mais experientes, com a casa em ordem, estruturada. Vamos enxugar ainda mais a máquina, para sobrar mais recursos para investimentos, e investir mais na área social, que é o principal objetivo de qualquer administração.

    O senhor vem sendo apontado como um possível presidenciável tucano. Acha que seria uma boa opção para o partido?
    Não, não. É muito cedo para isso. É a euforia da vitória no primeiro turno. Tem o Aécio, aí, que vai ser nosso presidente, tem várias figuras no partido. Eu ainda não sou. Mas agradeço.

    O PT procura associar a candidatura de Aécio à elite. Como responder a isso?
    O PSDB não é elitista. Hoje a candidatura do Aécio representa o sentimento de mudança dos brasileiros. Uma mudança segura, com ética, com decência.

    O Brasil vai reencontrar o rumo do progresso, do desenvolvimento, da geração de empregos. Ele obviamente será atacado, como fizeram com a Marina [Silva]. Isso só revela o desespero daqueles que estão vendo cada vez mais próxima a possibilidade de derrota.

    Qual será sua participação na campanha de Aécio no segundo turno?
    Eu sou soldado, para qualquer coisa. Se for preciso, eu seguro bandeira na esquina. Cada um pode dar uma contribuição, modesta ou não, para ampliar a votação dele. Mas o ator principal vai ser ele.

    Qual deve ser a principal estratégia da campanha tucana agora?
    Não tem que inventar muito, não. O Aécio foi muito bem com a estratégia dele. E agora vai ser mais fácil. São tempos iguais na televisão. Vai ficar evidente a diferença de ambos.

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