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    Lula deu diretoria a Paulo Roberto após pressão de aliados, diz Youssef

    MARIO CESAR CARVALHO
    FLÁVIO FERREIRA
    ALEXANDRE ARAGÃO
    DE SÃO PAULO

    09/10/2014 14h33

    Em depoimento prestado à Justiça Federal na quarta-feira (8), o doleiro Alberto Youssef afirmou que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi empossado no cargo, em 2004, após o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ceder à pressão de "agentes políticos" ligados ao esquema.

    Questionado por seu advogado de defesa se sabia por que um diretor que antecedeu Paulo Roberto na área de Abastecimento havia sido retirado do cargo, Youssef disse: "Para que Paulo Roberto Costa assumisse a cadeira de diretor da Diretoria de Abastecimento esses agentes políticos trancaram a pauta no Congresso durante 90 dias".

    "Na época o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou louco, teve que ceder e realmente empossar o Paulo Roberto Costa", completou o doleiro.

    Entre março e maio de 2004 a pauta do Congresso ficou trancada por causa de Medidas Provisórias —que, pela Constituição, têm que ser votadas após 45 dias de tramitação. Paulo Roberto foi confirmado como diretor de Abastecimento da Petrobras em 14 de maio daquele ano, no lugar de Rogério Manso, nome ligado a peemedebistas e tucanos do Rio de Janeiro.

    Ainda durante o depoimento, o operador do esquema disse que havia reuniões entre ele, Paulo Roberto Costa, representantes de empreiteiras e "agentes políticos" —Youssef não citou nomes. Essas reuniões, segundo ele, eram registradas em atas.

    "Nós participávamos de reuniões, no caso ou em hotéis no Rio ou em hotéis em São Paulo, ou na própria casa —vamos falar— do agente político, que primeiramente comandava esse assunto através da área de Abastecimento", disse.

    "Nessas reuniões eram feitas atas de discussão de cada ponto que estava sendo discutido ali naquele dia."

    Os assuntos tratados nessas reuniões eram valores de contratos e combinação de resultados em licitações, sempre de acordo com o depoimento do doleiro.

    "[As reuniões aconteciam] para se discutir exatamente questão de valores, questão de quem ia participar do certame, esse tipo de situação. E outros problemas que também se encontravam nas obras que pediam para ser solucionados, esse tipo de assunto. Isso era feito uma ata."

    Costa e Youssef fizeram acordo de delação premiada e prestaram depoimento à Justiça Federal nesta semana. Deflagrada em março pela Polícia Federal, a Operação Lava Jato descobriu uma ação que movimentou estimados R$ 10 bilhões. Segundo a PF, uma "organização criminosa" atuava dentro da empresa.

    No depoimento, Youssef disse também que o esquema de corrupção tinha agentes públicos "mais elevados" que Costa. Tanto Costa como Youssef disseram que o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, intermediava os recursos desviados de obras da estatal para o PT. Outras siglas beneficiadas no esquema seriam o PP e o PMDB.

    Editoria de Arte/Folhapress

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